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Israel ataca Rafah, último refúgio dos palestinos na Faixa de Gaza, e amplia ofensiva genocida

Ataques aéreos aconteceram horas depois de Israel ter dito aos palestinos para se retirarem de partes da cidade do sul de Gaza, que abriga mais de um milhão de pessoas

Os militares israelenses realizaram ataques aéreos em Rafah nesta segunda-feira, afirmaram moradores, horas depois de Israel ter dito aos palestinos para se retirarem de partes da cidade do sul de Gaza, onde mais de um milhão de pessoas desalojadas pela guerra têm se abrigado.

Está crescendo o temor de um ataque total em Rafah, há muito tempo ameaçado por Israel, contra o grupo militante palestino Hamas, enquanto as negociações de cessar-fogo no Cairo estão travadas.

Não houve comentários imediatos de Israel, que, segundo a Al-Aqsa TV, afiliada ao Hamas, teria atacado áreas no leste de Rafah, perto de bairros que receberam ordens de retirada.

Instruídas por mensagens de texto em árabe, telefonemas e panfletos a se mudarem para o que os militares israelenses chamaram de “zona humanitária expandida” a 20 km de distância, algumas famílias palestinas começaram a se afastar sob a fria chuva de primavera.

Algumas empilharam crianças e pertences em carroças de burro, enquanto outras partiram de caminhonete ou a pé por ruas lamacentas.

“Está chovendo muito e não sabemos para onde ir. Tenho me preocupado com a possibilidade de que esse dia chegasse, agora tenho que ver para onde posso levar minha família”, disse um refugiado, Abu Raed, à Reuters por meio de um aplicativo de bate-papo.

Uma autoridade sênior do Hamas afirmou que a ordem de retirada era uma “escalada perigosa” que teria consequências. “O governo dos EUA, juntamente com a ocupação, é responsável por esse terrorismo”, disse à Reuters Sami Abu Zuhri, referindo-se à aliança de Israel com Washington.

O Hamas disse mais tarde em um comunicado que qualquer ofensiva em Rafah não seria um “piquenique” para as forças israelenses e que estava totalmente preparado para defender os palestinos no local.

As agências de ajuda humanitária alertaram que a ordem de retirada levará a um desastre humanitário ainda pior no enclave costeiro de 2,3 milhões de pessoas que estão sofrendo com sete meses de guerra.

“Forçar a retirada de mais de um milhão de palestinos deslocados de Rafah, sem um destino seguro, não é apenas ilegal, mas levaria a consequências catastróficas”, disse a organização beneficente britânica ActionAid

Os militares israelenses disseram que pediram aos residentes de Rafah que deixassem o local em uma operação de “escopo limitado”. Não deram motivos específicos nem disseram se uma ação ofensiva poderia se seguir.

Nick Maynard, um cirurgião britânico que tentava deixar Gaza na segunda-feira, disse em uma mensagem de voz do lado de Gaza da passagem de Rafah para o Egito: “Duas bombas enormes acabaram de explodir imediatamente perto da passagem. Também há muitos tiros a cerca de 100 metros de nós. Não sabemos ao certo se conseguiremos sair”.

“Dirigindo por Rafah, a tensão era palpável, com as pessoas saindo o mais rápido possível”, acrescentou.

“MAIOR CATÁSTROFE” – Testemunhas disseram que as áreas dentro e ao redor de Rafah para onde Israel quer transferir as pessoas já estão lotadas, com pouco espaço para mais barracas. “O maior genocídio, a maior catástrofe ocorrerá em Rafah. Peço a todo o mundo árabe que interfira para que haja um cessar-fogo – que interfiram e nos salvem da situação em que nos encontramos”, disse Aminah Adwan, uma palestina deslocada.

Israel tem ameaçado lançar incursões em Rafah, que, segundo ele, abriga milhares de combatentes do Hamas e, possivelmente, dezenas de reféns.

A vitória é impossível sem a tomada de Rafah, afirma o país.

A perspectiva de uma operação com alto número de vítimas preocupa as potências ocidentais e o vizinho Egito, que está tentando mediar uma nova rodada de negociações de trégua entre Israel e o Hamas, na qual o grupo islâmico palestino poderia libertar alguns reféns.

Mas uma fonte anônima de “alto escalão” afirmou, de acordo com a TV estatal egípcia Al Qahera, que as negociações haviam chegado a um impasse desde que o Hamas lançou um ataque nas proximidades da passagem de Kerem Shalom para Gaza no domingo, matando quatro soldados israelenses.

O Egito elevou seu nível de preparação militar no norte do Sinai, que faz fronteira com Gaza, disseram fontes de segurança na segunda-feira.

União Europeia, França e Jordânia reiteraram sua oposição a qualquer ofensiva em Rafah.

O plano de Rafah abriu uma brecha pública incomum entre Israel e Washington, que advertiu repetidamente seu aliado a não atacar a cidade por causa das possíveis vítimas civis.

 

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