Investigação contra Trump: ex-presidente é acusado de mandar funcionário apagar provas
O ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é acusado de pressionar um funcionário a apagar imagens de segurança em sua casa na Flórida, em novas acusações criminais relacionadas ao suposto manuseio inadequado de arquivos confidenciais.
A nova acusação acrescenta mais um elemento nas suspeitas de retenção intencional de informações estratégicas de defesa e de obstrução.
No total, este caso já soma 40 acusações.
Trump nega qualquer irregularidade e chamou o promotor responsável pelo caso de “enlouquecido”.
Ele está enfrentando vários processos legais enquanto pretende concorrer à presidência novamente nas eleições de 2024.
Carlos de Oliveira, funcionário da propriedade em Mar-a-Lago do ex-presidente dos Estados Unidos, também foi indiciado.
Ele teria perguntado o que poderia ser feito para apagar as filmagens — que, segundo os promotores, mostram o transporte de arquivos mantidos ilegalmente na residência.
Trump se declarou inocente ao lado de seu assessor, Walt Nauta, que também recebeu duas acusações adicionais na quinta-feira (27/7).
A acusação descreve os supostos esforços de Nauta e Oliveira para obstruir a investigação do Departamento de Justiça dos EUA.
De acordo com os novos documentos judiciais, os dois conspiraram para apagar as imagens das câmeras de segurança depois que as autoridades emitiram uma intimação pedindo imagens das câmeras de vigilância do porão, onde os documentos confidenciais estavam guardados.
Nos autos do tribunal, Oliveira teria enviado uma mensagem de texto a outro funcionário, que era o diretor de tecnologia da informação (TI) da residência, dizendo que “o chefe” queria que o servidor fosse apagado.
Os documentos alegam que, mais tarde, Oliveira se encontrou com o outro funcionário em uma pequena sala de TI. Ali, ele disse que a conversa deveria permanecer privada e pressionou o homem a atender seu pedido após uma recusa inicial.
A acusação descreve uma cena em que Oliveira teria caminhado por entre arbustos e folhagens à beira de Mar-a-Lago, uma estância de lazer que era conhecida como a Casa Branca de Inverno, para chegar à sala de TI e encontrar Nuata.
“O que vamos fazer?”, teria perguntado Oliveira a seu colega de trabalho.
Um dos advogados de Oliveira se recusou a comentar sobre as novas alegações.
A acusação atualizada também pontua que Trump conscientemente discutiu um documento ultrassecreto com biógrafos que visitavam Mar-a-Lago para entrevistá-lo.
Os promotores apontam que o documento compartilhado com os biógrafos por Trump continha possíveis planos para atacar o “País A”, que a CNN e outros veículos identificaram como o Irã.
“Veja o que eu encontrei… Não é incrível? Eu tenho uma grande pilha de papéis, e essa coisa acabou de aparecer. Veja”, teria dito Trump a um de seus convidados.
O caso dos documentos é liderado pelo promotor especial Jack Smith, que se reuniu com os advogados de Trump para discutir uma investigação separada sobre supostos esforços feitos pelo ex-presidente para anular os resultados da eleição de 2020.
Os advogados de Trump, John Lauro e Todd Blanche, se encontraram com as autoridades no escritório de Smith em Washington, informou a mídia americana.
O ex-presidente declarou no início do mês que esperava ser indiciado nesse caso, mas até a quinta-feira (27/7) seus advogados não receberam nenhuma indicação de quando isso pode ocorrer.
Trump rejeitou as novas acusações no caso dos documentos secretos em uma declaração enviada pelo e-mail de sua campanha presidencial para 2024.
“O enlouquecido Jack Smith sabe que eles não têm nenhum base para um processo e está procurando uma maneira de salvar a caça às bruxas ilegal”, diz o comunicado.
A mais recente acusação contra Trump se soma a uma lista crescente de problemas legais para o magnata imobiliário e estrela reality shows.
Atualmente, ele aguarda julgamento por um caso de suborno no qual enfrenta 34 acusações criminais. O ex-presidente americano também enfrenta acusações civis em um caso de difamação contra a escritora E. Jean Carroll. E os promotores da Geórgia avaliam se devem ou não apresentar queixas por uma suposta tentativa de derrubar o resultados eleitorais no Estado em 2020.
BBC NEWS BRASIL