Instituto Marielle Franco pede cuidado na divulgação do resultado das investigações
Nota cita impacto da informação sobre as famílias enlutadas e fala da surpresa diante da notícia da delação de Ronnie Lessa
Por Denise Assis (247) – O Instituto Marielle Franco emitiu uma nota no meio da tarde de hoje (23/01), pedindo mais cuidado na divulgação das apurações em torno do assassinato da vereadora (Psol). Na manhã de hoje, a sociedade brasileira foi surpreendida com a notícia de que a “delação premiada” do ex-policial militar Ronnie Lessa, acusado de ser o assassino de Marielle Franco e do seu motorista, Anderson Gomes, teria revelado que o mandante do crime seria o conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, Domingos Brazão. A informação foi divulgada pelo portal de notícias The Intercept. Marielle e seu motorista foram mortos em 14 de março de 2018, logo depois da intervenção no Rio de Janeiro, comandada pelo general Walter Braga Netto.
A nota cita o impacto da informação sobre as famílias enlutadas e fala da surpresa diante da notícia. Pedem mais cuidado no conteúdo das informações do que é divulgado e dizem que seguem acompanhando as investigações. Um forte indício de que consideram que há muito a ser descoberto. Leia abaixo a nota na íntegra, publicada nas redes sociais, pelo Instituto que leva o nome da vereadora:
“Mais uma vez as famílias de Marielle Franco e Anderson Gomes foram surpreendidas por notícias sobre um suposto acordo de delação premiada com Ronnie Lessa, um dos acusados pela execução do crime, que teria indicado um dos mandantes do brutal assassinato de Marielle e Anderson. Aguardamos que a delação traga avanços, mas destacamos que até agora não houve atualizações oficiais, e a validade depende da homologação pelo Superior Tribunal de Justiça. Continuaremos buscando respostas sobre quem mandou matar Marielle e por quê, lutando por justiça e medidas de reparação, para que este triste caso seja solucionado.”
Também a viúva de Marielle Franco, a vereadora (Psol) do Rio de Janeiro, Mônica Benício, se posicionou sobre a divulgação de que Domingos Brazão seria o mandante do crime. Nas redes, ela publicou o seguinte texto:
“Nota pública sobre o andamento das investigações dos mandantes da execução de Marielle Franco e Anderson Gomes – 23/01/2024
Na manhã de hoje (23), as famílias de Marielle Franco e Anderson Gomes foram informadas pela imprensa sobre um suposto acordo de delação premiada firmado com Ronnie Lessa, um dos acusados pela execução do crime – ainda não homologado pelo Superior Tribunal de Justiça – que teria indicado um dos mandantes do brutal assassinato de Marielle e Anderson. O Comitê Justiça por Marielle e Anderson vê com preocupação o vazamento de informações que possam comprometer a condução das investigações e os ritos processuais adequados. Aguardamos com esperança que a delação de Ronnie Lessa apresente de fato novos elementos probatórios que representem um avanço significativo na busca por justiça.
No entanto, é necessário ressaltar que, até o momento, não houve atualizações oficiais por parte das autoridades envolvidas, e a delação ainda precisa ser homologada pelo Superior Tribunal de Justiça para confirmar sua validade. As famílias reiteram seu apelo por responsabilidade na veiculação de informações sobre o caso, evitando usos de diversas ordens e finalidades. Não aceitaremos que o Caso Marielle e Anderson seja simplificado e interpretado apenas como objeto de disputas e interesses pessoais ou de grupos políticos. Reafirmamos nosso compromisso com a verdade, a luta por justiça e a memória de Marielle e Anderson.
Que o processo em curso respeite os trâmites e garantias legais e possa lançar luz sobre quem foram os mandantes desse crime que abalou não apenas nossas vidas, mas a sociedade brasileira e internacional como um todo. Este crime, que tirou a vida de Marielle e Anderson, não é apenas um ato de violência brutal, mas uma triste evidência da fragilidade de nossa democracia e do compromisso deficiente do Estado brasileiro com a proteção de defensoras e defensores dos direitos humanos.
Continuaremos lutando por justiça para que tenhamos respostas efetivas sobre quem mandou matar Marielle e por quê e para que o Estado garanta medidas de reparação para os familiares e medidas para que não se repita. Marielle e Anderson não serão esquecidos. #JustiçaPorMarielleeAnderson #QuemMandouMatarMarielle”.
No ano da morte de Marielle e Anderson, em 17 de setembro, dia em que deixou o comando da Procuradoria-Geral da República (PGR), Raquel Dodge apresentou uma denúncia contra Domingos Brazão e solicitou a abertura de um inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para apurar se o conselheiro era o mandante do assassinato. As investigações prosseguem.