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Inflação do prato feito sobe 22,57% em um ano, segundo a FGV

O pesquisador do FGV IBRE Matheus Peçanha avalia que a escalada de preços está sendo causada pelo aumento da demanda por gêneros alimentícios durante a pandemia de Covid-19.

Bife, arroz e batata-frita: prato feito tem alta de 22,73% em um ano Foto: Arquivo ExtraGlobo.

Os preços do arroz e da carne — dois dos principais produtos do prato feito do brasileiro — subiram mais de 30% nos últimos 12 meses, de acordo com um levantamento feito pelo FGV IBRE. O arroz aumentou 37%, em julho deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. Já a carne bovina ficou 32% mais cara. O frango inteiro (com reajuste de 22,73%) também pressionou os custos do prato feito com alta de 22,57% no período. Já o feijão preto avançou 18,46%, no período. A cesta do prato feito (composta por 10 itens) apresenta variação média de 22,57%.

O pesquisador do FGV IBRE Matheus Peçanha avalia que a escalada de preços está sendo causada pelo aumento da demanda por gêneros alimentícios durante a pandemia de Covid-19. Outra fonte de pressão inflacionária no prato brasileiro foi a escalada do câmbio no segundo semestre do ano passado, que estimulou as exportações, reduzindo a oferta interna, sobretudo no caso do arroz, do feijão e das carnes bovina e de frango.

— O câmbio desfavorável leva ao crescimento das exportações, sobretudo dos cereais e das carnes, favorecendo a redução da oferta interna e pressionando os preços — explica o pesquisador.

Peçanha ressalta ainda que a inflação dos itens do prato feito também é um reflexo das condições climáticas adversas, intensificadas com a estiagem e, mais recentemente, com as geadas. Assim, hortaliças e legumes, com suas lavouras de curto prazo, sofreram mais no período recente, levando a alface a um acúmulo de quase 9,74%, e o tomate a mais de 37%.

Ainda de acordo com o Matheus Peçanha, a estiagem também tem impactado o preços das carnes, reduzindo as pastagens do gado e encarecendo o milho e a soja, que servem de ração para os animais.

Custo pressiona comerciantes

Para comerciantes que trabalham com o famoso PF, equilibrar os aumento dos custos com a margem de lucro e a qualidade do produto está sendo um desafio. O empresário Anderson Lima Martins, de 47 anos, abriu uma empresa de refeições há 15 anos.

Hoje, oferece um prato feito, com sobremesa e guaraná natural, a R$ 18. Segundo ele, a disparada nos preços das carnes é o maior impacto no produto. Até as hortaliças estão pressionando o PF. Além disso, outros custos que fazem parte do negócio como o preço das embalagens que subiu nos cálculos dele 150% no último ano.

— Estamos fazendo o cálculo e vamos ter que repassar estes aumentos porque a margem de lucro já está muito apertada. A carne e o frango dispararam. Um quilo de frango que eu comprava a R$ 32, agora passou para R$ 49,90. A batata baroa está quase R$ 10 o quilo. Deixamos de comprar — conta Anderson Lima, dono do Manjericão.

Para os consumidores, a disparada nos preços está sendo percebida de diversas formas. A advogada Bárbara Vasconcelos, de 31 anos, pedia prato feito em dois restaurantes. Segundo ela, um deles primeiro elevou o valor cobrado pela quentinha, e depois deixou de oferecer a opção. Em outro restaurante, o local reduziu o tamanho da carne do PF, mas não aumentou o valor cobrado:

— Antes, a proteína dava para comer no almoço, e guardar a quentinha para o jantar. Agora só é possível para comer no almoço — afirma Bárbara.

A advogada acrescentando que, com a escalada de preços no supermercado, a família tem optado por substituir alguns itens como comprar menos feijão preto, e mais outros tipo do grão como o carioquinha.

— No supermercado, é uma senhora facada. O arroz e o feijão quase bateram R$ 10, e eles estão na alimentação de quase todo dia na minha casa. Em alguns momentos, substituimos pelo macarrão, mas a preferência é sempre pelo arroz e feijão — diz ela.

Fonte: extra.globo.com

Redação DiárioPB

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