TOCA DO LEÃO

Hosana ao meu compadre e editor Bento Júnior

A literatura da pandemia ganha mais uma composição impressa. Trata-se do meu livro “Retrato molhado – crônicas da Toca do Leão”, coletânea das crônicas que venho publicando neste jornal. A compilação saiu graças ao zelo do meu compadre, poeta cordelista e dramaturgo Bento Júnior. Ele tratou da edição, escreveu o prefácio e ajudou a meditar comigo sobre essas vivências aterradoras e desestruturantes de nossa base emocional no mundo contemporâneo. Encontros e desentendimentos, solidões e poesias do cotidiano, desorganizações mentais e financeiras, conflitos íntimos e coletivos, tudo que vem sendo reprimido nesses tempos de isolamento social sob meu ponto de vista, ou quase tudo das quase insignificantes psiconeuroses causadas pela angústia da solidão, com fartas quantidades de humor libertador. É assim que eu tento vender o livrinho de 115 páginas, em edição limitadíssima.

Bento Júnior fez a seleção dos textos, mandou imprimir, coordenou todo o processo e ainda exerceu um papel social nesses tempos de crise, contratando o web designe Sérgio Ricardo Piaba para fazer a capa do livro, garantindo o líquido sagrado da cana-de-açúcar ao glorioso e talentoso Piaba, sujeito com aptidão incomum para as artes e os líquidos inebriantes, sem moderação. É claro que o estimado colega Sérgio Ricardo há de compreender que nada tem de insultuoso neste comentário. É escárnio comum, a galhofa dos iguais, conversa de pinguço, caçoadas a que costumamos recorrer em nossa mesa de bar virtual, a “Rádio barata”, podcast produzido por Serjão e estrelado por este que ora proseia, bate-papo transmitido diariamente pela Rádio DiarioPB.

Sobre o “Retrato molhado”, Bento Júnior ressalta que “é preciso ter olhos de artista para ver e entender a vida em suas várias nuanças. E saber falar do tudo e do nada. Cada crônica remete aos detalhes e às coisas invisíveis que o escritor talentoso não explica, ou mal explica, ou então propositalmente inverte e confunde. E encanta. Livro é arretado pra gente ler de peito aberto à beleza e deleitação da palavra escrita. Peito aberto, ainda que de rosto coberto com a máscara desses tempos tenebrosos, para se comprazer com as histórias e imagens de real interesse humano, repletas de fina poesia”.

Compadre Bento também foi o primeiro leitor do meu livro da Toca do Leão. É que o trabalho saiu por uma dessas editoras especializadas em imprimir pequenas tiragens, convertendo o impresso também em e-book, além da versão em papel. Se eu quiser adquirir meu livro, terei que comprar na plataforma, com o devido desconto do royalty. Esse gentil cidadão comprou dois exemplares, oferecendo-me um deles. Gentilezas próprias do jeito de ser do meu compadre, merecedor do meu respeito e estima.

É por essas condutas que seu Mozart se comporta conforme diz o próprio Bento em seu prefácio: “o velho ferroviário fundou seu sindicato de classe, constituiu bases de guerrilha cultural em Itabaiana e outros interiores paraibanos e combateu o bom combate, mas não guardou a fé. Pelo menos a fé nas divindades, porque ainda acredita no homem como redentor de si mesmo”.

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Fábio Mozart

Fábio Mozart transita por várias artes. No jornalismo, fundou em 1970 o “Jornal Alvorada” em Itabaiana, com o slogan: “Aqui vendem-se espaço, não ideias”. Depois de prisões e processos por contestar o status quo vigente no regime de exceção, ainda fundou os jornais “Folha de Sapé”, “O Monitor Maçônico” e “Tribuna do Vale”, este último que circulou em 12 cidades do Vale do Paraíba. Autor teatral, militante do movimento de rádios livres e comunitária, poeta e cronista. Atualmente assina coluna no jornal “A União” e ancora de programa semanal na Rádio Tabajara da Paraíba.

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