Homens armados promovem tiroteio contra famílias de posseiros, no Agreste
As sessenta famílias de posseiros que estão ocupando as terras da fazenda Fazendinha, em Mogeiro, no Agreste paraibano, passaram mais uma noite de muita tensão. “Ontem, à noite, as famílias tiveram que se proteger de uma ‘chuva de tiros’ promovida pelos capangas contratados pelos donos da terra que são Mário Silveira e o filho dele, José Otávio”, denunciou o deputado estadual Frei Anastácio (PT), que também é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa.
Segundo o deputado, a ação dos capangas só cessou depois que ele solicitou providências ao delegado da região, Hulgo Helder Porto Barreto, que enviou três viaturas de polícia para a fazenda e os capangas fugiram para outra propriedade da família Silveira, chamada Areial. “Protegidos pela escuridão, eles fizeram muitos disparos em direção ao acampamento onde as famílias estão.Foram momentos de muito medo para os posseiros”,destacou Frei Anastácio.
O parlamentar lembrou que, no dia 29 de junho, a polícia chegou a trocar tiros com oito capangas, no mesmo local, depois que eles ameaçaram as famílias de posseiros. Um capanga, conhecido por “Bombado”, foi preso usando uma espingarda de repetição calibre 12. “Ele trocou tiros com a polícia, foi preso por porte ilegal de arma e por ameaçar as famílias. Mas, no da seguinte foi liberado, depois de pagar fiança, e deve ter comandado o tiroteio de ontem à noite”, lamentou o deputado.
De acordo com o deputado, os proprietários da fazenda estão querendo expulsar os posseiros na base do terrorismo. Eles sabem que as famílias possuem direito a terra. “Elas trabalharam, desde os avos, em sistema de “cambão”, ou seja, plantavam numa área só um ano. No ano seguinte tinham que fazer roçado em outro local, porque os patrões usavam a área agricultável para criação de animais, tiveram uma vida muito dura”, disse o deputado.
Frei Anastácio lembrou que já existe ordem de despejo das 60 famílias de posseiros que estão nas terras onde está havendo esse conflito. “Mesmo tendo direito a terra, a justiça paraibana já concedeu ordem de despejo. O pior é que se isso acontecer, mais de 50 hectares de plantação de milho e feijão feita pelas famílias serão destruídas, se elas forem despejadas”, lamentou o deputado.
Asseessoria