GERAL

História, amor, sexo e erotismo

tarjaedonioalves

As ideias resumidas no título acima estarão expostas na nossa coluna de hoje por efeito de dois propósitos complementares: no atacado, pretendem louvar a trajetória intelectual de uma historiadora brasileira que já teve um pé na academia e hoje se encontra fora dela e, no varejo, apresentar a boa vinda de mais um dos seus livros panorâmicos sobre aspectos gerais da nossa vida que de tão importantes, optamos mais por experienciá-los do que propriamente teorizar sobre eles.

Falo da pesquisadora e ex-professora da Universidade de São Paulo-USP, Mary del Priore, que acaba de lançar seu 29º livro, intitulado Histórias Íntimas, recém laçado pela editora Planeta e já recorde de venda nas livrarias na modalidade de não-ficção. Del Priore é uma daqueles tipos de intelectual que fica mais à vontade pensando fora da universidade do que dentro dela, lugar cujo funcionamento retórico e burocrático na produção do conhecimento, às vezes tolhe voos mais altos em busca de horizontes amplos e abertos.

Fazem parte desses horizontes abertos, por exemplo, obras da autora que considero importantíssimas e que tratam de assuntos diretamente do meu interesse, mas também, acredito, de grande parte dos leitores dessa coluna. Listaria aqui pelo menos duas obras dessa historiadora que se incluiria na rubrica acima apresentada: o seu panorâmico estudo sobre as concepções, práticas e vivências culturais do amor no Brasil, intitulado justamente, História do Amor no Brasil, e o não menos panorâmico ajuntamento de ideias e pensamentos brasileiros sobre o esporte no nosso País, igualmente referido como História do Esporte no Brasil.

A esses dois apanhados históricos sobre temas palpitantes, portanto, soma-se agora o volume de Histórias Íntimas em que o tema central de pesquisa é o desenvolvimento do erotismo no Brasil desde os tempos coloniais. Sobre esse livro de que uma visão geral só pode ser obtida pelo leitor no trabalho de leitura da obra, destaquei aqui apenas um aspecto para comentário, dada a exigüidade de espaço e recorte mesmo de abordagem. A noção de como o corpo, templo universal do erotismo, vai incorporando sentidos e usos novos ao longo da história na sua função instrumental de fruir ou refluir o prazer como produto do amor ou apenas do sexo.

E aqui, para exemplificar a pertinência dessa questão na temática do erotismo, tão bem enfrentada intelectualmente por Del Priore, trago duas observações de pesquisadores brasileiros que já se debruçaram sobre o assunto do ponto de vista da ciência da História. A fala do também historiador Luís Felipe Ribeiro diz assim: “No passado, as pessoas ‘não davam’, mas se davam. Hoje, elas ‘dão’, mas não se dão”.

Por fim, a assertiva da própria Mary Del Priore, quando pontua, na referida obra recém- lançada, o caráter cambiante – e, portanto, histórico – das vicissitudes contingenciais que acabam por estruturar socialmente o uso que fazemos ora do amor, ora do sexo, na perspectiva do erotismo:

“Nossa sociedade passou com muita rapidez da ditadura da contenção para a ditadura do gozo. Hoje, além de escolher os parceiros, as pessoas podem escolher o próprio sexo. Podem ser homem em um dia e mulher no outro. Mas esse excesso causa no homem uma insegurança muito grande. A mulher também está solitária, tanto que as manchetes de revistas femininas continuam ensinando formas de agradar aos homens. E, até os anos 1980, a preocupação das revistas era com o bem-estar da família. A palavra “orgasmo” nem aparecia no vocabulário do casamento”.

Sugiro que leiam o livro porque o assunto dá pano para as mangas; ou para os lençóis.

Redação DiárioPB

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