Fernanda Benvenutty morre aos 57 anos em João Pessoa
Faleceu na tarde deste domingo (02), aos 57 anos a transexual e militante LGBT+ Fernanda Benvenutty. Ela lutava contra um câncer no fígado e faleceu em casa, no bairro do Roger, em João Pessoa, neste domingo (2) pouco antes do meio-dia.
Fernanda Benvenutty era natural de Remígio, mas tinha sido atuação política e profissional desenvolvida em João Pessoa, tendo sido candidata a vereadora e deputada estadual. Era, além de militante, carnavalesca, enfermeira e profissional de saúde pública na Capital.
A militante faria 58 anos no próximo domingo (9). O amigo e “filho adotivo”, Dhell Félix disse que ontem durante uma conversa, Fernanda teria dito que queria morrer depois do carnaval. “Ela me adotou quando fui posto para fora de casa. Era um ser humano incrível”, disse. Ele expressou seu pesar em uma rede social:
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Jackson Macedo, presidente estadual do PT, partido ao qual ela foi filiada, chegando a disputar uma vaga na Câmara Municipal, também expressou seu pesar nas redes sociais: “Minha amiga do peito pq partisse tão cedo ? Vc foi uma inspiração pra nós . Guerreira da igualdade da diversidade e do amor. Vamos fazer um carnaval pra vc . A Unidos do Roger vai buscar esse título pra tu amiga . Vai com Deus ! Viva @benvenuttyfernanda !”
O Partido dos Trabalhadores da Paraíba emitiu uma nota:
Nota de pesar
Nós que fazemos o PT da Paraíba estamos solidários com a família e amig@s da grande Fernanda Benvenutti .
Fernanda nos deixou hoje (02/02/2020) no dia de Iemanjá .
Fernanda foi filiada ao nosso partido e uma grande militante dos Direitos Humanos e das causas da luta LGBTQ+.
Era uma referência nacional para nós e para todos e todas que lutam por igualdade.
Fernanda fará muita falta !
Fernanda Bevenuti, presente !
João Pessoa 02/02/2020.
Jackson Macêdo
Presidente do PT PB
A Associação Nacional de Travestis e Transexuais também emitiu uma nota de pesar:
“É com imensa tristeza que a ANTRA informa que neste 2 de fevereiro, partiu desse plano a nossa querida Fernanda Benvenutty.
Ela que foi pioneira de muitas lutas e de muitas batalhas perdeu a vida vitimada pelo cancer. Nós estamos dilaceradas por peder tão importante personalidade, mas temos certeza que ela cumpriu o seu papel. E nos deixou um belo legado de luta e resistência.
Fui informada nesse minutos pelas companheiras de João Pessoa Adreina Vilarim e Ana Beatriz, e assim que tiver mais informações manteremos voces informadas.
Guardem as lembranças felizes que estiveram presentes onde fernanda passou, e que ela siga em paz. Nós continuamos aqui na luta que ela tanto ajudou.
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE TRAVESTIS E TRANSEXUAIS – ANTRA
Despedida
O corpo de Fernanda será velado à partir das 18h, no Ginásio O Guarani no Baixo Roger, bairro onde ela morava. O local é o mesmo que abriga os ensaios da escola de samba Unidos do Roger, que ela presidia e que irá homenagear a ativista no carnaval deste ano.
O sepultamento será realizado nesta segunda-feira (03), às 15h no Cemitério Santa Catarina, no Bairro dos Estados.
Vida e militância
Nascida Eliziário Benvindo da Silva em Remígio, Microrregião do Curimataú, no início da década de 60, ainda na infância Fernanda Benvenutty se deu conta de sua transexualidade. Aos 14, fugiu de casa em um circo, no qual foi artista (palhaça, trapezista, apresentadora de espetáculos e atriz teatral). Apesar de ter saído de casa na adolescência, e ter entrado em sérios conflitos com sua família, não perdeu o vínculo com seus parentes. Em novembro de 2004 co-fundou a agremiação carnavalesca Império do Samba. Solteira, Benvenutty era mãe de um casal de filhos adotivos.
Fernanda Benvenutt era enfermeira e militante transexual dos direitos humanos LGBT+. Era presidente-fundadora da Associação das Travestis da Paraíba (Astrapa) e vice-presidente da Articulação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra).
Paralelamente à carreira de enfermeira, Benvenutty tinha um marcante histórico de militância pelos direitos dos transexuais e transgêneros em João Pessoa. Em abril de 2005, ela, com uma comissão de militantes do movimento LGBT brasileiro, discursou na Câmara dos Deputados em Brasília, junto à Comissão de Direitos Humanos e Minorias, para reivindicar verbas para programas de combate à homofobia.
A Primeira Conferência Nacional LGBT, ocorrida em Brasília em junho de 2007, com expectativas de ser uma entediante cerimônia de correção por parte do governo, mostra-se um evento alegre, coletivo e cheio de esperança, excitação e alegria, segundo relatado pela mídia. Na ocasião, Fernanda põe um boné com a bandeira arco-íris sobre a cabeça do presidente Lula.
Em 2009, o governo federal brasileiro divulgou o decreto que criou a Coordenação Nacional LGBT, a qual visa cuidar da demanda das políticas públicas voltadas à comunidade gay. Na ocasião Fernanda foi um dos três nomes cotados para assumir o posto de coordenador da nova pasta política, já que possui experiência com políticas públicas, com foco em gestão social, assim como conhecimento da causa LGBT.
Candidatura política
Pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Fernanda tentou se eleger politicamente três vezes: nas Eleições no Brasil de 2004 e de 2008 e candidatou-se a vereadora e em 2010 a deputada estadual. Nas primeiras obteve número pouco expressivo de votos (menos de mil e quinhentos). Nas eleições de 2010 obteve sua mais expressiva votação, 2.782 votos para deputada estadual, entretanto não foi suficiente para assumir uma cadeira na câmara estadual.
Fonte: WScom