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Ex-subsecretária do DF sugeriu blitze para reduzir votos de Lula: “Menos 25.000 votos no 9”

Marília Alencar é acusada de articular blitze para dificultar o acesso de eleitores do PT às urnas e integrar esquema para manter Bolsonaro no poder

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou a delegada da Polícia Federal (PF) Marília Ferreira Alencar por suposta atuação em um esquema para dificultar o acesso de eleitores do PT às seções de votação no segundo turno das eleições de 2022. Segundo informações divulgadas pelo portal Metrópoles, a ex-subsecretária de Segurança Pública do Distrito Federal teria participado da organização de blitze para restringir a mobilidade de eleitores em regiões onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tinha ampla vantagem sobre Jair Bolsonaro (PL). A investigação aponta que ela identificava redutos eleitorais petistas e indicava a necessidade de reforço policial para impedir a chegada de votantes.

A PGR afirma que Marília agiu como parte de uma organização criminosa que buscava manter Bolsonaro no poder. Antes de ocupar um cargo na alta cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, a delegada era diretora de Inteligência do Ministério da Justiça durante a gestão de Anderson Torres. Conforme apontado na denúncia, ela esteve diretamente envolvida na articulação das operações policiais questionadas.

Em mensagens analisadas pela PGR, Marília faz referências diretas às regiões de forte apoio a Lula e sugere a necessidade de atuação policial. Em um dos trechos revelados, ela teria escrito: “[Em] Belford Roxo (RJ), o prefeito é vermelho. Precisa reforçar PF. Menos 25.000 votos no 9 [nine, como se referiam a Lula]”. Em outro momento, mencionou Pelotas (RS), onde Lula venceu no primeiro turno com 52% dos votos, afirmando que “os caras têm que rodar essas bases”.

As investigações também indicam que, no grupo de mensagens denominado “Em off”, Marília atuava ao lado de Fernando de Souza e do coordenador de operações Leo Garrido. Em 16 de outubro de 2022, a apenas 15 dias do segundo turno, Garrido teria anunciado a conclusão do planejamento para blitze em estados do Nordeste, região onde Lula possuía alta intenção de votos. A PGR considera essas movimentações como parte de um esquema orquestrado para interferência no pleito.

Planilhas analisadas durante as investigações apontam que a organização utilizava dados detalhados do número de votos recebidos por candidatos no primeiro turno. “Essas informações foram essenciais para a criação do painel de Business Intelligence (BI) solicitado por Marília Alencar”, destacou a PGR. Segundo a denúncia, as diretrizes foram posteriormente repassadas a Silvinei Vasques, à época diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que teria direcionado os recursos da corporação para dificultar o deslocamento de eleitores de Lula no segundo turno.

Apesar da tentativa de influenciar o resultado das eleições, Lula venceu o pleito e assumiu a Presidência da República. Segundo a PGR, após a derrota de Bolsonaro, os denunciados intensificaram seus esforços para manter o ex-presidente no poder, o que culminou na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. Na ocasião, Marília e Fernando de Souza já estavam lotados na Secretaria de Segurança Pública do DF, sob a gestão de Anderson Torres. A denúncia destaca que os três tinham conhecimento prévio dos atos antidemocráticos e que houve “inércia” das autoridades diante das ameaças.

Por volta do meio-dia daquele dia, Marília foi informada de que os manifestantes pretendiam “tomar o poder”. No entanto, apenas às 16h50, quando os ataques já estavam em curso, ela comunicou ao grupo de segurança que a Força Nacional estava a caminho. A PGR argumenta que essa demora demonstra conivência com os atos golpistas. “A inércia da cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal, diante de alertas claros sobre as intenções violentas dos manifestantes, coloca em evidência a continuidade da contribuição dos denunciados ao projeto antidemocrático da organização criminosa”, afirmou a denúncia.

A defesa de Marília Alencar, por sua vez, declarou confiança na análise do Supremo Tribunal Federal (STF) e negou qualquer envolvimento da delegada em atos ilegais. Segundo seus advogados, ela apenas cumpria suas funções institucionais como diretora de Inteligência do Ministério da Justiça, realizando monitoramentos para prevenir crimes eleitorais, sem qualquer intenção de interferência no resultado das eleições.

Com Brasil 247

Redação DiárioPB

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