POLÍTICA

“Esta campanha é a de mais baixo nível que já testemunhei”, diz mediador do debate na Cultura

Leão Serva revela bastidores da confusão entre Datena e Pablo Marçal durante debate na TV Cultura

Em um debate eleitoral marcado por tensão e agressão física, o apresentador José Luiz Datena lançou uma cadeira no candidato Pablo Marçal após ser chamado de “Jack” — gíria prisional que faz alusão a estuprador. O episódio, que ocorreu durante um debate na TV Cultura, foi narrado em detalhes pelo mediador Leão Serva durante entrevista ao UOL News.

“Nós sabíamos que seria um debate tenso, talvez por isso a TV Cultura tenha me chamado. Mas ninguém imaginou que as coisas chegariam a esse nível”, afirmou Serva. Segundo ele, as regras estabelecidas em consenso com as campanhas visavam evitar confrontos físicos e promover a discussão de ideias. Porém, as acusações feitas por Marçal contra Datena foram o estopim do conflito.

“A acusação foi muito grave. O Marçal acusou o Datena de estuprador, usando um termo velado, uma gíria de presídio. Nós, no estúdio, nem sequer entendemos o que ele queria dizer naquele momento”, explicou o mediador.

A reação de Datena foi imediata e culminou na sua retirada do debate, após lançar uma cadeira contra Marçal. Leão Serva explicou que, após a confusão, consultou os demais candidatos sobre a continuidade do evento. “Perguntei aos quatro candidatos restantes se queriam continuar e todos disseram que sim”, relatou.

O mediador também falou sobre a presença de seguranças no estúdio e a possibilidade de intervenção policial. “Havia 26 seguranças no local. A situação foi contida, e não houve necessidade de chamar a polícia. Tudo foi resolvido internamente”, afirmou.

Leão Serva, que tem experiência em mediações de debates, fez uma reflexão sobre o clima das campanhas eleitorais em São Paulo. “Eu vejo com muita tristeza. Esta é a campanha de mais baixo nível que já testemunhei desde que sou jornalista”, desabafou.

O mediador também destacou que o episódio envolvendo Marçal e Datena levanta discussões sobre o formato dos debates políticos no Brasil e a inclusão de candidatos disruptivos. “Acho que o modelo de debates do primeiro turno, com muitos candidatos e outsiders, está em questão para as próximas eleições”, concluiu Serva.

Com Brasil 247

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