Espanholas vão às ruas para exigir igualdade de gênero no país
Duas grandes manifestações em Madri e Barcelona marcaram o Dia Internacional da Mulher na Espanha, onde sindicatos convocaram pelo segundo ano consecutivo paralisações parciais e uma greve geral em defesa da igualdade de gênero.
As manifestações foram consideradas como “históricas” pelos dois principais sindicatos do país, o UGT e o CCOO, responsáveis por convocar no ano passado a primeira greve feminista do mundo, com apoio de organizações de defesa da mulher e partidos de esquerda.
Na Espanha, assim como em outros países do mundo, as mulheres têm menor participação no mercado de trabalho, recebem salários menores e contam com piores condições para exercer suas funções.
O secretário-geral da UGT, Pepe Álvarez, pediu aos políticos espanhóis para tirar as propostas do papel por considerar que o país avançou muito pouco na igualdade de gênero desde o ano passado.
A Espanha viveu uma semana intensa de mobilizações em defesa das mulheres e de seus diretos. Desde a meia-noite de hoje, centenas de pessoas começaram a protestar no centro de Madri com panelaços.
Pela manhã, na Porta do Sul, milhares de estudantes, trabalhadores e aposentadas seguiram com o protesto, percorrendo as ruas da região gritando palavras de ordem em favor das mulheres.
“Isso não é uma moda. Mais pessoas se convenceram, as manifestações do ano passado encorajaram muitas meninas a virem para a rua”, disse uma estudante de mestrado da capital espanhola.
Os estudantes também se mobilizaram em Barcelona, onde 13 mil pessoas, segundo a polícia local, ou 50 mil pessoas, de acordo com a organização, fizeram um protesto contra a violência machista, a justiça patriarcal e franquista, a opressão capitalista.
Além disso, centenas de mulheres de bicicleta percorreram algumas das principais ruas de várias cidades espanholas, um dos movimentos de maior visibilidade do dia.
Milhares de profissionais dos veículos de comunicação da Espanha também aderiram à greve geral para exigir um jornalismo “digno e feminista” e representações paritárias na imprensa.
A greve também chegou à política, já que a ausência de deputados das regiões autônomas impediu a realização das sessões parlamentares em Madri e no País Basco.
Em um ambiente de confrontação política devido às eleições legislativas de 28 de abril, as manifestações feministas de todo o país foram apoiadas fundamentalmente por partidos de esquerda.
“Queremos uma Espanha feminista. Só com o feminismo acabaremos com a violência machista e atingiremos a igualdade real”, escreveu o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, no Twitter.
“E só com o feminismo chegaremos a uma democracia plena. Neste #8M vocês voltaram a fazer história”, completou.
Os integrantes do governo nem os parlamentares têm o direito de greve reconhecido na Espanha, mas as ministras de Sánchez tinham anunciado que participariam das manifestações como integrantes do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE).
Já o Partido Popular (PP), o principal da oposição, afirmou que não participaria das manifestações por considerar que a esquerda “instrumentalizou” a luta pela igualdade na Espanha, só incluindo postulados escritos pela “esquerda radical”.
Em manifesto, o movimento feminista se posiciona “contra uma direita e uma extrema direita que colocou mulheres e imigrantes como alvo prioritário da ofensiva ultraliberal, racista e patriarcal”.
A vice-presidente do governo da Espanha, Carmen Calvo, considerou “coerente” a não participação do PP dos protestos porque o partido recorreu ao Tribunal Constitucional contra “absolutamente todas” as leis de igualdade. “O feminismo é uma posição progressista”, disse.
A porta-voz do Unidos Podemos, Irene Montero, afirmou que o feminismo “incomoda muito” o PP.
Agência EFE