Equador: a megaoperação militar para transferir líder de quadrilha acusado de ameaçar candidato assassinado
A operação para transferir Fito
Milhares de soldados e policiais do Equador participaram de uma operação para transferir um conhecido líder de uma quadrilha criminosa para uma prisão de segurança máxima.
José Adolfo Macías, conhecido como Fito, é o líder de Los Choneros, uma das gangues criminosas que operam no Equador. Ele é acusado de enviar ameaças de morte ao candidato presidencial Fernando Villavicencio.
A transferência de Fito para um presídio de segurança máxima foi feita neste sábado (12/8), três dias depois de Villavicencio, cuja campanha focava no combate à corrupção, ter levado três tiros na cabeça.
O assassinato ocorreu quando o político saía de um comício, 11 dias antes das eleições presidenciais.
Antes de morrer, o candidato denunciou ter recebido ameaças de Fito.
Ele disse que o alerta chegou a ele por meio de um aliado político na província costeira de Manabí, lar da cidade de Chone, onde nasceram os Los Choneros.
Segundo Villavicencio, um emissário de Fito o advertiu. “Se eu continuar… mencionando Los Choneros, eles vão me quebrar”, comentou em um programa de televisão.
Ele também denunciou outra ameaça feita por meio de uma mensagem de texto de um usuário que tinha a imagem de Fito como foto de perfil.
Comoção
A morte de Villavicencio chocou uma nação que até poucos anos atrás havia escapado de décadas de violência associada ao narcotráfico, guerras de cartéis e corrupção que atormentaram tantos de seus países vizinhos.
No entanto, o crime disparou nos últimos anos, agravado pela presença crescente de cartéis de drogas da Colômbia e do México.
No sábado, o partido de Villavicencio, Construye, anunciou que sua companheiro de chapa, Andrea González Náder, o substituiria como candidato presidencial.
No entanto, não houve clareza por parte do Conselho Nacional do Equador (CNE) sobre a candidatura de González Náder. Segundo a lei, você não pode desistir de sua candidatura a vice-presidente para concorrer à Presidência.
Para evitar problemas, o partido anunciou em sua conta no Twitter que registrará Christian Zurita como seu candidato presidencial, ao invés de Andrea González Náder.
Enquanto isso, a viúva de Villavicencio, Verónica Sarauz, disse que responsabiliza o Estado pela morte de seu marido e já se juntou a outras vozes expressando insatisfação por González ter sido nomeada substituta de seu marido na disputa eleitoral.
A campanha de Villavicencio se concentrou na luta contra a corrupção e as drogas. Ele foi um dos únicos candidatos a denunciar os supostos vínculos entre o crime organizado e funcionários do governo equatoriano.
Um dia antes de seu assassinato, ele denunciou à Procuradoria-Geral da República supostas irregularidades nos contratos de petróleo negociados durante o governo do ex-presidente Rafael Correa que custaram ao país US$ 9 bilhões.
Seis colombianos foram presos em conexão com o assassinato, enquanto um deles morreu em confronto com a polícia.
As autoridades disseram que todos pertencem a “gangues criminosas”, mas sem especificar quais.
Fito, líder de Los Choneros, está desde 2011 no Centro de Privação de Liberdade Zona 8 de Guayaquil, condenado a 34 anos de prisão por crime organizado, narcotráfico e assassinato.
Fito assumiu a liderança do Los Choneros depois que as autoridades equatorianas confirmaram a morte na Colômbia do líder anterior, Júnior Roldán, em maio passado.
Cerca de 4.000 agentes entraram na prisão onde Fito estava durante a madrugada, fortemente armados e em veículos militares blindados.
Vídeos compartilhados pelas forças de segurança mostram o líder da gangue de barba longa, algemado e sem camisa enquanto é transferido para outra penitenciária.
O presidente equatoriano, Guillermo Lasso, anunciou que Fito foi transferido para La Roca, uma prisão de segurança máxima que abriga 150 detentos e faz parte do mesmo complexo prisional.
BBC NEWS BRASIL