Em reunião do G7, Haddad pede ajuda aos EUA para socorro financeiro à Argentina
O ministro da Fazenda argumentou que a crise no país vizinho pode ser agravada por uma seca histórica que ameaça derrubar em 20% as exportações. Segundo ele, a questão é "humanitária"
Em encontro com a secretária do Tesouro norte-americano Janet Yellen, nesta quinta-feira (11/5), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pediu que os Estados Unidos atuem no socorro à crise da Argentina. O encontro bilateral aconteceu em Niigata, no Japão, onde participam da reunião do G7 — grupo das sete maiores economias do mundo, formado por Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá
Haddad argumentou que a crise no país vizinho pode ser agravada por uma seca histórica que ameaça derrubar em 20% as exportações. Segundo o ministro, a questão é “humanitária” e a Argentina precisa da ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI). Os EUA são os maiores colaboradores do credor global.
“Eu trouxe esse problema porque é uma questão importante, a Argentina é um país muito importante no mundo e, particularmente, na América do Sul. Em segundo lugar porque a solução para Argentina passa pelo FMI. Se o Brasil e os Estados Unidos estiverem juntos nesse apoio, isso pode facilitar muito as coisas pra Argentina”, disse Haddad aos jornalistas, após a reunião.
Segundo o ministro, a secretária norte-americana “até se surpreendeu” com o pedido e ele antecipou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que participará do encontro da cúpula no próximo dia 19, deve trazer a mesma preocupação.
“Uma das razões pelas quais o presidente Lula está vindo ao G7 é para tratar desse assunto. Para nós, é uma questão fundamental. E o presidente Lula virá na na próxima semana com a mesma preocupação que eu estou antecipando aqui”, reforçou.
Protagonista
O pedido de socorro do Brasil pela Argentina é uma indicação importante para que o país assuma protagonismo na América do Sul. “O presidente Alberto Fernández já sinalizou que quer ajuda na recuperação econômica argentina, e ajudar o país vizinho será uma barganha importante, pois o FMI é, justamente, controlado pelo G7. Isso fortalece o papel do Brasil como liderança sul-americana e é uma estratégia importante de parceria entre os dois países”, avaliou Pedro Feliu, professor de Relações Internacionais da Universidade de São Paulo (USP), em entrevista ao Correio.
Questionado sobre a percepção dos EUA com a relação entre Brasil e China, Haddad afirmou que a secretária do Tesouro garantiu que não há objeções aos laços comerciais. O ministro manifestou ainda “o desejo de nos aproximarmos mais dos Estados Unidos”.
Correio Braziliense