Em meio à guerra comercial de Trump, americanos já falam em estocar comida e cortar gastos
Estadunidenses entram em "modo sobrevivência"
Com a entrada em vigor de novas tarifas de importação nos Estados Unidos, impostas pelo presidente Donald Trump, consumidores em várias partes do país passaram a rever seus hábitos de consumo e demonstram crescente preocupação com o custo de vida, segundo reportagem da AFP repercutida pelo jornal O Globo nesta quarta-feira (9).
A elevação das tarifas, que atingem em cheio produtos como eletrônicos fabricados na China e vestuário vindo do Vietnã, provocou uma corrida de consumidores para garantir itens antes dos aumentos. A tarifa sobre os eletrônicos chineses, por exemplo, passou a ser de 104%, enquanto as roupas vietnamitas agora enfrentam uma taxação de 46%. Itens como baunilha de Madagascar (47%), chá japonês (24%), arroz jasmim tailandês (36%) e vinhos europeus (20%) também foram afetados pela nova rodada de medidas.
Diante do cenário, consumidores relataram à AFP estratégias de adaptação, que vão desde antecipação de compras até cortes nos gastos. “Eu moro em um apartamento. Não dá para estocar”, disse uma aposentada que preferiu não se identificar, enquanto saía de uma loja Costco nos arredores de Washington. “Precisamos do dinheiro para comprar mais comida na semana que vem ou na seguinte”.
Na Virgínia, Charles, que se identifica como libertário, foi direto: “as tarifas são ruins. Sempre fui contra”. Ele disse que pretendia comprar um novo iPhone da Apple antes de possíveis reajustes nos preços.
Outro consumidor, Keith Taylor, de 62 anos, já havia adquirido um iPhone dias antes e afirmou que essa seria sua última grande compra no futuro próximo. “Essa será a última coisa que comprarei até que tudo isso se resolva”.
Já Elisabeth Bradley, 40 anos, mãe de dois filhos e executiva, contou ter aproveitado para adquirir roupas da Uniqlo para uma viagem à Dinamarca antes da alta. “Acabamos de comprar um carro por causa das tarifas”, disse ela, referindo-se ao novo Volvo elétrico da família. “Nós apenas esperamos que os preços dos carros subam”.
Na cidade de Nova York, Anastasia Nevin relatou que está vivendo com o orçamento apertado. “Tenho dois filhos, então estou apenas tentando sobreviver. É difícil”, desabafou. Ela teme ter de cortar ainda mais despesas se os preços continuarem em alta.
Mesmo com a inflação tendo arrefecido desde o pico no pós-pandemia, os preços de diversos produtos nos Estados Unidos continuam elevados. A atual política comercial de Trump — marcada por novas etapas da guerra tarifária com vários países — tem agravado a sensação de incerteza.
Com Brasil 247