Em maior crise desde a posse, Bolsonaro demite o ministro Gustavo Bebianno
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno (PSL), foi demitido do cargo pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) na maior crise enfrentada pelo governo menos de dois meses depois da posse. Seu sucessor será o atual secretário-executivo da pasta, general Floriano Peixoto. O impasse sobre a possível saída do ministro do governo se arrastou por quase uma semana. A decisão foi oficializada hoje pelo porta-voz da Presidência, general Otávio do Rêgo Barros, em declaração à imprensa.
“O excelentíssimo senhor presidente da República Jair Messias Bolsonaro decidiu exonerar nesta data, do cargo de ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, o senhor Gustavo Bebianno Rocha. O senhor presidente da República agradece sua dedicação à frente da pasta e deseja sucesso em sua nova caminhada”, declarou o porta-voz.
“O motivo da exoneração é uma decisão de foro íntimo do nosso presidente”, disse ainda Rêgo Barros.
O pivô da crise foi o filho Carlos Bolsonaro, que chamou o agora ex-ministro de “mentiroso” nas redes sociais.
Neste fim de semana, diversas declarações foram atribuídas a Bebianno, como a de que ele estaria arrependido de ter viabilizado a vitória de Bolsonaro, além de ameaças como a de que o Brasil iria “tremer” se a exoneração se confirmasse e de que tinha “documentos e papéis” que podem comprometer o presidente. Teria disparado ainda diversas críticas a Bolsonaro, chamando-o até de louco. Depois, Bebianno negou.
O núcleo militar do governo fez forte pressão pela demissão. O vice, general Hamilton Mourão, disse em entrevista que desta segunda-feira a demissão não passaria. Os militares defendiam que, no lugar de Bebianno, fosse nomeado o general da reserva Floriano Peixoto, o que foi atendido, conforme anúncio do porta-voz.
ENTENDA A CRISE COM BEBIANNO
O agora ex-ministro Gustavo Bebianno estava na berlinda desde que a Folha de S. Paulo publicou reportagem em que explica um suposto esquema de candidatas-laranja orquestrado nas eleições de 2018. O hoje ministro era presidente nacional do PSL à época. Ele nega. Disse que conversou 3 vezes com Bolsonaro e que estava tudo bem.
A situação de um dos assessores mais próximos de Jair Bolsonaro na época de campanha começou a se agravar quando o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ) tuitou para acusar o ministro de mentir sobre as conversas com o presidente. Divulgou áudio para expor o ministro. Bolsonaro, o pai, retuitou.
Em entrevista à TV Record na 4ª feira (13.fev), Bolsonaro citou pela primeira vez a possibilidade de demitir o ministro. “Se [Bebianno] estiver envolvido e responsabilizado, o destino não pode ser outro que não voltar às suas origens”, disse o capitão reformado do Exército.
O principal motivo para a raiva do presidente, no entanto, veio ao saber detalhes de vazamentos de áudios que compartilhou com Bebianno. Bolsonaro decidiu contar a história completa para todos os seus ministros que estavam em Brasília na 6ª feira (15.fev).
Diante de ministros em silêncio, o presidente relatou ter havido “quebra de confiança”. Ninguém discordou. Era como se todos endossassem, calados, a eventual demissão de Bebianno.
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Por WSCOM com Brasil 247