Em comunidade do Rio, Malala faz grafite com rosto de Marielle Franco
De visita ao Brasil, a ativista paquistanesa Malala Yousafzai foi grafiteira por algumas horas nesta quarta-feira e participou do trabalho feito em um muro da Favela Tavares Bastos, no Catete, na Zona Sul do Rio de Janeiro, com o rosto da vereadora Marielle Franco, morta em 14 de março, junto com o seu motorista Anderson Gomes.
A vencedora mais jovem do Prêmio Nobel de Paz, por seu trabalho a favor dos direitos das mulheres, pintou em um dos muros da comunidade a imagem de Marielle com ajuda de artistas da Rede Nami.
Na véspera de fazer 21 anos, ela quis conhecer o projeto liderado pela grafiteira Panmela Castro, conhecida no mundo artístico como Anarkia Boladona. A artista ganhou em 2010 o prêmio Vital Voices Global Leadership Awards, na categoria direitos humanos, o mesmo prêmio que, três anos depois, foi para Malala, na cerimônia na qual as duas se conheceram.
Panmela, fundadora da Rede Nami, uma ONG que procura empoderar mulheres sobre os seus direitos por meio da arte urbana, promove vários programas para atingir este objetivo. Embora não saiba se Malala ajudará a financiar o seu projeto, ela contou que o trabalho do grupo chamou a atenção da jovem.
“Ela ficou muito impressionada porque está focada na educação e aqui nós educamos meninas e mulheres sobre os seus direitos”, disse Panmela.
Sem a presença da imprensa, com absoluto sigilo e acompanhada somente por integrantes do projeto, Malala fez um passeio pelas ruas do morro e ouviu detalhes sobre vários grafites feitos por meninas que participam do programa.
“Ela conversou com as meninas e perguntou sobre os desafios na educação, suas inspirações na arte e sobre a violência que vivem diariamente”, disse à Efe a coordenadora do programa, JLo Borges.
Entre um mural e outro, Malala posou para fotos e conheceu um grafite com a sua própria imagem, uma homenagem de Panmela à defensora dos direitos das mulheres.
Na segunda-feira, Malala anunciou, em um evento em São Paulo, que em breve iniciará no Brasil um projeto para fomentar a educação feminina, mas não deu detalhes sobre a iniciativa. Segundo a ativista, que foi baleada por talibãs quando aos 15 anos querer frequentar a escola, estima-se que esse direito básico seja negado para 1,5 milhão de meninas no Brasil.
Agência EFE