… E o povo diz, figa!
A célebre frase do imperador Dom Pedro I voltou a ser apropriada na cena política local. Desta vez o “fico” foi re-significado pelo alcaide da capital paraibana, Luciano Cartaxo (PSD), ao anunciar decisão em não trocar o conforto de seu gabinete no Paço Municipal pela aventura eleitoreira rumo ao Palácio da Redenção.
A novela da disputa ao Governo da Paraíba ainda está longe de um epílogo, mas os últimos episódios mostram bem o drama da política e dos políticos tradicionais por essas bandas. O grupo que se auto-intitula como sendo “as oposições” repete as velhas fórmulas fisiológicas e patrimonialistas, ao debater, sem qualquer pudor, as composições de chapas numa perspectiva meramente familiar e feudal.
É simplesmente constrangedor os lances em que a esposa de fulano poderá ser vice de sicrano. O irmão de beltrano deverá compor a chapa de fulano. O filho de sicrano é a melhor opção para a suplência de beltrano. E a velha política paraibana vai seguindo seus rituais, como se o Estado ainda fosse uma Sesmaria.
Um punhado de famílias que montaram esquemas indizíveis para explorar, ao máximo, as máquinas públicas. E ao povo, eterna vítima dos tiranos, é dado apenas o papel de referendar, nas urnas, decisões que foram tomadas nos gloriosos chás-das-cinco ou nas rodas notívagas das nossas luxuriosas elites, regadas pela bebida escocesa envelhecida em barris de carvalho.
É bizarro perceber como esse modelo de “política” se mantém numa sociedade que se diz moderna e democrática. Modelo esquizofrênico, carcomido e ultrapassado, que enoja o povo brasileiro (e paraibano) a cada dois anos. Enquanto o prefeito diz “fico”, os eleitores dizemos “figa”.
UFPB e movimentos sociais estreitam parceria
A reitora da UFPB, Margareth Diniz, recebeu na tarde da última sexta-feira, 2, comissão de representantes de diversos movimentos sociais para tratar de parcerias institucionais com organizações do Movimento Negro, LGBT, de povos indígenas (Tabajara), Movimento por Moradia, Segurança Alimentar, entre outros. A reunião foi mediada pela Professora Doutora Wilma Martins, que responde pela Assessoria de Movimentos Sociais da instituição.
A reunião tratou, basicamente, da implantação de um espaço de apoio aos movimentos sociais que deverá ocupar o terceiro andar do prédio histórico onde funcionava a Fundação de Pesquisa e Extensão (FUNDAPE), na avenida Visconde de Pelotas, no Centro Histórico da capital paraibana. Cedido em regime de comodato, o espaço deverá funcionar como uma espécie de “Central dos Movimentos Sociais”, onde funcionarão escritórios e salas de reuniões das entidades.
“Como o espaço é pequeno, priorizamos movimentos sociais históricos que mantêm relações antigas com a UFPB, notadamente o Movimento Negro, Movimento de Mulheres, Movimento dos Povos Indígenas, o pessoal do ativismo pelo direito à moradia e entidades vinculadas ao Movimento LGBT”, explica Martins. “A ideia é que o espaço sirva de apoio para estas entidades, especialmente para aquelas que ainda não possuem suas sedes próprias, e que possamos desenvolver projetos conjuntos, num processo de retroalimentação e ajuda mútua constantes entre os movimentos sociais e a Universidade”, diz.
Centro de convergências
A central vai dispor também de banheiros e cozinha coletivizados. As entidades vão partilhar ainda rede de internet, salas de reunião e prestação de serviços, como portaria, segurança e limpeza. “Para nossa associação será uma oportunidade inigualável dispor dessa estrutura aqui no centro da cidade. Nossa perspectiva é a de melhorar o atendimento dos associados, promover reuniões e capacitações, cadastrar usuários, auxiliar na marcação de consultas e de exames e apoiar pessoas que vêm do interior do estado em busca de tratamento para as pessoas com doença falciforme e talassemia”, comenta a jornalista Fabiana Veloso, ativista que atua no segmento da saúde da população negra através da Associação Paraibana dos Portadores de Anemias Hereditárias (ASPPAH).
Para o ativista do Movimento do Espírito Lilás (MEL), Fernando Luiz Araújo, o novo espaço servirá ainda como centro de convergências para as entidades e movimentos sociais que estão frequentemente atuando naquela região da cidade, seja promovendo manifestações e mobilizações, seja resolvendo questões administrativas em vários órgãos públicos e privados que funcionam nas imediações.
A Central dos Movimentos Sociais deverá começar a funcionar efetivamente no início de abril, depois que a UFPB providenciar a retirada de alguns documentos e outros materiais da FUNDAPE e readequar o interior do prédio para os novos inquilinos solidários. “Para nós é mais uma demonstração do esforço dessa gestão em promover cidadania e fortalecer os laços com segmentos que realmente têm feito a diferença na defesa dos direitos da população mais excluída em nossa sociedade”, disse a reitora Margareth Diniz.
Viva mulher!
A ativista social Márcia Dornelles assumiu na última quarta-feira, 7, uma das cadeiras no Conselho Estadual de Mulheres. Ela vai representar demandas da população negra paraibana, designada pelo Fórum Paraibano de Promoção da Igualdade Racial (FOPPIR). Márcia tem atuado também na defesa dos direitos das mulheres da agricultura familiar e na questão da segurança alimentar e nutricional.
A coluna aproveita a passagem do Dia Internacional da Mulher para homenagear nossas guerreiras: Dalvanira e Neves Oliveira. Fabiana Veloso. Wilma Martins. Joice Aragão. Araceli Cajú. Ednamay Cirilo. Mãe Lúcia Omidewá. Dilma Rousseff. Zalba Veloso. Maria Juliana. Hermana Ferreira. Fátima Sousa. Juliana Nunes. Nini Soares. Kalline Brito. Val Costa. Sandra Bellê. Renally Oliveira. Nathália Bellar. Andréa Gisele. Laura Berquó. Tania Freitas. Mana Gouveia. Edna Morais. Sílvia Patriota. Polyana Resende. Meire Lima. Kleide Teixeira. Mariá Marques. Ingrid Silva. Rosa Varjão. Jandira Lucena. Dinaci Pereira. Ana Paula Romão. Ilza Francisca. Sandra Marrocos. Valéria Rezende. Marli Soares. Socorro Brito. Tereza Dantas. Cely Andrade. Cida de Aritingui. Elisabete Serrano (in memorian). Solange Moura. Carolina Vieira. Aldenora Pereira. Antônia Sousa. Cícera dias. Luzenira Linhares. Vó Mera. Jinarla Pereira. Nara Souza. Maria Jane. Adélia Gomes. E tantas outras, que eu precisaria de uma edição completa de A União para registrar!!
por Dalmo Oliveira