“E agora, José?”
Desde que os debates foram iniciados entre os candidatos à prefeitura de João Pessoa, sinto que falta algo. Chego a ficar sem estimulo para acompanhar a disputa eleitoral.
Essa sensação vem da ausência de uma representação autêntica das mulheres, deficientes, negros, e entre outras, de uma diversidade que frequentemente é guilhotinada nas articulações de poder.
Falta no debate político a opção de uma real mudança. A população foi tolhida da escolha com esperança. Mais uma vez a particição política das “minorias” não é garantida de forma natural e legítima. A prática de golpear, inclusive nos próprios partidos políticos, é de uma constância que se naturaliza no cotidiano das disputas. O discurso e a prática se destoam a cada eleição que carrega o nome de democrática.
Inegavelmente, é lastimável a ausência da candidata Cida Ramos, entre outras companheiras que são vitimadas pelas mesmas práticas de séculos passados. Mais uma vez, não é a nossa vez. E quando será? Quando o poder vai largar a mão para dar espaço real ao novo? Nunca. Os grupos de poder político e econômico não vão abrir mão. Se perpetua a prática nociva e predatória na tal democracia. Contudo, a participação das mulheres, negros, pessoas com deficiência, e toda a diversidade, precisa deixar de ser alegoria.
Agora, com o resultado da primeira pesquisa oficial de intenção de votos, nos certificamos de que o investimento no novo faria alguma diferença. Certamente teria a força, e a chance, de alterar o quadro que já estava pintado.
Fabiana Veloso/Fotógrafa e jornalista