Dólar fecha pregão volátil em alta de 0,10%, a R$ 6,0982, novo recorde
Divisa ultrapassou os 6,20 reais em determinado momento
O dólar à vista fechou perto da estabilidade nesta terça-feira, mas renovando a maior cotação da história, em sessão de enorme volatilidade, com a divisa ultrapassando os 6,20 reais em determinado momento, apesar de dois leilões do Banco Central, e devolvendo ganhos após notícias sobre a tramitação do pacote fiscal do governo.
O dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,10%, cotado a 6,0982 reais — maior valor nominal de fechamento da história.
Na B3, às 17h26, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,89%, a 6,103 reais na venda.
O cenário fiscal continuou sendo o foco central dos investidores nesta sessão, em meio a temores de que o governo não consiga a aprovação de suas medidas de contenção de gastos no Congresso até sexta-feira, antes de os parlamentares entrarem em recesso.
“É preciso o ajuste fiscal, que, no momento, é insuficiente e medíocre. O governo é resistente a novas medidas e tem dificuldades para provar o pouco que foi apresentado”, disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
O dólar subiu durante a maior parte da sessão, aliviando as altas apenas por alguns instantes após a realização de dois leilões à vista pelo Banco Central, que vendeu mais de 3,2 bilhões de dólares sem compromisso de recompra nas duas operações.
A autarquia vendeu 1,272 bilhão de dólares à vista em leilão realizado na primeira hora de negociação, e depois vendeu mais 2,015 bilhões de dólares à vista em um novo leilão realizado no início da tarde, no quarto pregão consecutivo com intervenção no mercado de câmbio.
O BC ainda vendeu todos os 15.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados em leilão para rolagem do vencimento de 3 de fevereiro de 2025.
Sob a pressão dos receios fiscais do mercado, o dólar atingiu a máxima de 6,2092 (+1,92) às 12h16.
“Essas intervenções mostram que não adianta queimar cartucho. Você precisa de um aperto monetário e de uma revisão fiscal urgentemente. Queimar as reservas para que o câmbio volte vai só criar um efeito artificial, mas depois ele volta rápido”, disse Spiess.
Mas os movimentos da divisa dos Estados Unidos foram se revertendo ao longo da tarde, à medida que os investidores começaram a receber notícias que geraram maior otimismo pela tramitação do pacote fiscal do governo no Congresso.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que a Casa votará um dos projetos do pacote fiscal ainda nesta terça. A previsão dele é de que outras duas propostas sejam analisadas pelo plenário na quarta-feira.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Dario Durigan, ainda indicou que é preciso encontrar um “meio do caminho” que viabilize a aprovação no Congresso dos projetos que compõem o pacote fiscal sem desidratá-los.
“A série de intervenções do BC foi positiva, mas especialmente quando combinada com avanços modestos em Brasília. Ainda não há indícios de que o perigo acabou, e as votações do restante da semana têm o potencial de reverter ou até intensificar o avanço do dólar”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercados do Ebury Bank.
Com a melhora no ambiente devido ao avanço do pacote fiscal, o dólar atingiu a mínima do dia, a 6,0614 reais (-0,50%), às 15h08, antes de recuperar as perdas e voltar a subir ligeiramente.
Investidores ainda avaliaram a ata da reunião de política monetária da semana passada, em que os membros decidiram acelerar o ritmo de aperto dos juros ao elevar a taxa Selic em 1 ponto percentual, a 12,25% ao ano, e sinalizar mais dois aumentos da mesma magnitude no próximo ano.
No documento publicado nesta terça, o BC disse que observa uma deterioração em componentes que afetam a política de juros, como câmbio, inflação corrente e expectativas de mercado, vendo os impulsos fiscal e de crédito no país como elementos que estão contribuindo para uma redução do efeito do aperto monetário.
No exterior, o movimento era de cautela antes do anúncio da decisão do Federal Reserve na quarta-feira, em que se espera amplamente que o banco central dos Estados Unidos reduza a taxa de juros em 0,25 ponto percentual.
O índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,16%, a 106,950.