CINEMA

Documentário sobre raizeira paraibana tem avant-premier em João Pessoa

A primeira exibição pública ocorre dia 28, a partir das 17 horas, na Fundação Casa de José Américo

Set de filmagens no laboratório caseiro de Neves, em João Pessoa | fotos: Fabiana Veloso

O diretor estreante Dalmo Oliveira estará apresentando o documentário “Raízes da Cura: Neves Oliveira e o Legado da Fitoterapia Ancestral”, a partir das 17 horas no próximo dia 28, na sala de projeções da Fundação Casa de José Américo, no Cabo Branco. Com 16 minutos, o filme registra a biografia da raizeira e seu trabalho com plantas medicinais.

“A ideia inicial partiu de alguns amigos da minha tia, que já haviam me sugerido escrever um livro sobre ela. No ano passado, com o edital público da Lei Paulo Gustavo, nós decidimos que um filme-documentário sobre esse tema seria viável. E agora vamos apresentar o resultado dessa iniciativa, que é muito mais coletiva do que minha, individualmente”, diz o realizador.

A equipe arregimentada para o projeto começou a trabalhar em fevereiro. As metas principais eram registrar e resgatar a memória de uma das últimas “raizeiras” da contemporaneidade paraibana, mostrando sua trajetória, sua iniciação na fitoterapia tradicional, suas receitas e métodos laborais, que reside desde os anos 80 no bairro Ernesto Geisel, na zona sul da capital paraibana.

Dalmo e Jonathan durante trabalho de edição

Partimos de um pré-roteiro elaborado pela teatróloga e diretora Nana Rodrigues, que conhece Neves desde Guarabira, quando a protagonista ainda trabalhava no Hospital Regional, antigo SESP.

“No solo fértil paraibano de Alagoa Grande, nasceu uma mulher destinada a carregar consigo séculos de sabedoria. Neves Oliveira, trouxe em suas veias e memória o legado sobre o uso das plantas medicinais e a força ancestral de cura dos povos negro e índio que habitam esse pedaço do Brasil”, escreveu Rodrigues no argumento inicial.

O documentário não é apenas uma janela que se abre para conhecermos parte da vida de uma grande mulher, mas também uma chamada à ação e à reflexão. “É um tributo à preservação dos saberes ancestrais de cura pelas plantas medicinais, uma teia que conecta passado, presente e futuro”, diz Nana.

Momento de gravação no banco de plantas medicinais da UFPB, no campus I

Para o idealizador e diretor, o filme, que foi integralmente financiado pelo Edital Chamamento Público n° 005/2023 no âmbito do Edital da Lei Paulo Gustavo (LPG) da primeira Regional da Secretaria de Cultura do Estado da Paraíba, mostra ainda nuances de uma atividade popular que está se perdendo no tempo, através das peculiaridades da personagem central. “Além de jogar luzes sobre a trajetória de Neves, queremos também reverenciar a ancestral capacidade das mulheres nordestinas na produção de fitoterápicos (garrafadas, pomadas milagrosas, infusões, xaropes de

ervas, xampus, extratos de plantas e suplementos alimentares à base de grãos e de folhas”, detalha Oliveira, que antes dessa produção tem no currículo alguma experiência com audiovisual no campo da difusão de tecnologias agropecuárias.

Neves e Geovani no jardim da protagonista

O filme, de apenas 16 minutos, mostra como acontece o entrelaçamento entre o conhecimento popular medicinal sobre o uso das raízes e das plantas, que comumente são chamados de “remédios caseiros” e os procedimentos básicos das técnicas laboratoriais de farmacologia testadas e disseminadas pela universidade pública. “Tia Neves levou seu conhecimento para o antigo Laboratório de Tecnologia Farmacêutica da UFPB, o LTF, criado em João Pessoa pela ex-reitora Margareth Diniz. Isso deu respaldo pra ela e abriu as portas da Universidade para outros raizeiros populares, há mais de 20 anos”, detalho o diretor estreante.

Dalmo diz que seguiu os guias consagrados da produção cinematográfica documental e mostra detalhes de algumas receitas que vieram do conhecimento popular. O filme mostra ainda o lado humanitário e o compromisso social da protagonista, que atende, em casa, pessoas da comunidade. Ele acrescente que seu filme fala, antes de tudo, de resiliência, de fé, companheirismo e de amor ao próximo.

Ficha técnica

O diretor durante captura de depoimentos na garagem da casa de Neves Oliveira

“Raízes da Cura: Neves Oliveira e o legado da fitoterapia ancestral” tem argumento, produção e direção de Dalmo Oliveira, consultoria técnica, coprodução, direção de fotografia, câmeras e edição de Jonathan Dias e Na Lata Produtora. Auxiliar de câmeras, Alexandre Araújo. Pré-produção de Fabiana Veloso e Adriano Dias. Pesquisa e argumento de Geovani Jacó de Freitas. Pré-roteiro de Nana Rodrigues. Consultoria técnica e cenografia de Edilson Dias. Trilha sonora original de Mari Santana. Pós-produção, still e assessoria de Comunicação de Fabiana Veloso. Assessoria de figurino e apoio para avant-premier de Sol Cesario. Designe, marketing, mídias digitais, promoção e publicidade a cargo da Agência DSCOM, Sérgio Ricardo dos Santos e Fábio Mozart. Assessoria de contabilidade de Maria Alves Dantas Cordeiro. Consultoria jurídica: Meneses e advogados associados.

Para outras informações, foi criado um site: raizesdacura.com.br  Raízes da Cura – Neves Oliveira e o legado da fitoterapia ancestral. Um folheto de Cordel também foi produzido para divulgar o documentário e será distribuído durante o lançamento.

Serviço

Lançamento do documentário Raízes da Cura:

Neves Oliveira e o Legado da Fitoterapia Ancestral.

Quando: 28 de novembro, quinta-feira.

Horário: 17 horas.

Aonde: Fundação Casa de José Américo, Praia de Cabo Branco, João Pessoa (PB).

Redação DiárioPB

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