Diretor do Einstein desabafa: “Estamos na época da medicina BBB, feita por votação”
247 – O diretor superintendente de pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein, Luiz Vicente Rizzo, desabafa sobre o desastre causado por Jair Bolsnonaro na medicina no Brasil: “Estamos na época em que a medicina está sendo feita por votação. Medicina e pesquisa de rede social. Você não consegue mais não dar cloroquina para um paciente meio grave. A família pressiona e, se você não der, no dia seguinte você não é mais o médico.”
Ele relatou à jornalista Cláudia Collucci da Folha de S. Paulo a pressão que as instituições médicas estão sofrendo para ampliar o uso da hidroxicloroquina em pacientes com coronavírus..
Rizzo ainda desmentiu afirmações da médica Nise Yamaguchi, que atende no hospital, e o virologista Paolo Zanotto, da USP, que defendem e disseram haver o uso da cloroquina no início da doença. De acordo com Rizzo, o Einstein só indica a substância para pacientes graves, internados na UTI.
“Nenhuma dessas pessoas [Yamaguchi e Zanotto] que está falando de protocolo do Einstein participa de protocolo nosso. Nem de Covid nem de nenhum dos 711 projetos de pesquisa no hospital. Uma coisa é ser médico no Einstein; outra coisa é ser médico do Einstein”, afirmou.
O diretor médico e superintendente do hospital, Miguel Cendoroglo Neto, logo nos primeiros casos um consenso de especialistas do Einstein aprovou o uso do medicamento em pacientes graves. Ele adverte, entretanto, “que essa proposta terapêutica é dentro do que a gente chama de off label, não está na bula desses medicamentos, não está nos ‘guidelines’ das sociedades médicas”. Por isso, defende ele defende que “a família precisa ser informada sobre o risco de complicação, de efeitos adversos.”
Ele ainda disse que 70% dos 30 pacientes internados na UTI estão fazendo uso da cloroquina isolada ou associada ao antibiótico azitromicina, os outros não usam por terem alguma contraindicação (como problemas cardíacos).
O médico afirma também que outros medicamentos estão sendo estudados e usados para pacientes graves, como anticoagulantes, anticorpos monoclonais e plasma. “Tudo isso a gente está estudando ainda”, reforçou.