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Diante de 40 mil, Serginho dá adeus à seleção sob sol forte e com ponto final

SerginhoCom a humildade de quem não gosta de holofotes, o discurso de um jogo qualquer. Mas não podia ser assim. Não tinha como. Para começar, um palco bem diferente do comum. Nas arquibancadas do Mané Garrincha, cerca de 40 mil pessoas assistiram ao adeus de um dos maiores nomes da história do vôlei mundial. Aos 40 anos, Serginho se despediu da seleção brasileira em um domingo de sol forte em Brasília. Enquanto os companheiros se protegiam com óculos escuros, bonés e toalhas, o melhor líbero do mundo esbanjou forma física, mas também sofreu com o calor. Chegou a marcar um ponto de ataque logo no primeiro set, mas a arbitragem anulou. Não teve problema. No último ponto da partida, foi para o saque. Errou o primeiro, acertou o segundo, com uma ajudinha da defesa portuguesa. Após o jogo, brincou que errou de propósito para prorrogar sua história com a camisa 10 do Brasil. Mas não tinha jeito. Com um ponto de ace, a despedida e as lágrimas de um mito: 3 sets a 1 contra Portugal, parciais 25/20, 20/25, 25/21 e 15/8 – um acordo entre as seleções definiu que a última parcial só iria até 15 pontos.

A princípio, o adeus havia sido na quadra do Maracanãzinho, com a conquista de seu segundo ouro olímpico – a quarta medalha em Jogos. A festa, porém, ainda não podia terminar. Serginho, então, ganhou mais dois jogos para se despedir da torcida. No sábado, levou uma multidão à Arena da Baixada, em Curitiba, no primeiro amistoso contra os portugueses, no maior público do ano no estádio do Atlético-PR. Neste domingo, também fez a alegria de milhares de torcedores no estádio do Distrito Federal – foram 39.398 pagantes, e um publico presente de mais de 40 mil.

A conquista dos Jogos do Rio deu a Serginho, de 40 anos, seu segundo ouro olímpico. Antes, também havia sido campeão em Atenas 2004. Além deles, também soma duas pratas no currículo, em Pequim 2008 e Londres 2012. O líder de toda uma geração se despede com as honras de um herói: o líbero ocupa o posto de maior medalhista de esporte coletivo da história do Brasil. Deixou Rodrigão, Dante, Giba, Fofão, Ricardo e Emanuel para trás.

Se a chuva castigou Curitiba no primeiro amistoso, a seleção contou com a sorte de uma manhã de sol em Brasília para a partida deste domingo. No aquecimento, jogadores usaram óculos de sol e boné como proteção contra a luz. À medida que o público enchia as arquibancadas do Mané Garrincha, os gritos por Serginho aumentavam. O líbero parecia relaxado. Bateu bola com torcedores à beira da quadra, deu um bico para o alto, aproveitando a ausência de um teto sobre os times. A torcida ainda chegava ao estádio quando um saque para fora de Portugal deu início à partida.

Era festa, e todos sabiam. O dono dela queria aproveitar. Junto à rede, Serginho mandou a bola ao chão português, comemorou e levou a torcida ao delírio. Só faltou convencer o árbitro de esquecer as regras e permitir o ponto de ataque do líbero. O sol também criou algumas bolhas de ar no piso da quadra. Nada que atrapalhasse tanto. William jogava de óculos, Maurício Souza, de boné. No calor de Brasília, a seleção se protegia, mas não parecia sofrer contra os portugueses. Até com certa facilidade, abriu 14/10 no placar. O ritmo até o fim foi o mesmo: no saque para fora dos portugueses, 25/20 e fim da parcial.

Portugal quis endurecer o jogo na volta para o segundo set. Largou em vantagem, abrindo 6/2 e forçando o pedido de tempo de Bernardinho. Sem treinar desde o fim da Olimpíada, a seleção passou a sofrer com a falta de ritmo. Os portugueses cresceram e abriram 18 a 12 no placar. A seleção até ensaiou uma reação, mas não conseguiu evitar a queda na parcial: 25/20 para os rivais.

No intervalo para o set, houve uma homenagem aos medalhistas do vôlei de praia. Alison e Bruno Schmidt, campeões olímpicos, e Bárbara, prata ao lado de Ágatha, foram saudados pelos jogadores e receberam placas da Confederação Brasileira de vôlei (CBV). Os compatriotas da praia ainda eram saudados pela torcida quando o jogo recomeçou.

Portugal manteve o ritmo, mas o Brasil melhorou. Era um jogo equilibrado, mas os jogadores ainda faziam sua parte no espetáculo. A cada parada, interagiam e brincavam com o público. No fim da parcial, os donos da casa aceleraram o jogo e fecharam a conta: 25/21.

Por conta de um acordo entre as seleções devido ao forte calor e sol escaldante, o último set da partida seria um pouco mais curto: iria apenas até 15 pontos. A cada toque de Serginho na bola, a torcida ia à loucura. O jogo ainda seguia equilibrado e havia o risco de a partida terminar empatada. Não seria justo. No adeus do mito, Serginho foi para o saque. Errou o primeiro, acertou o segundo, com uma ajudinha da defesa portuguesa. A despedida foi mais do que justa: 15/8, com ponto final de um dos maiores da história do vôlei mundial.

– São anos dedicados. Feliz demais por tudo que aconteceu na minha vida. Só tenho gratidão pelo vôlei. Eu fui contemplado com essa história. Estou numa felicidade muito grande por estar aqui, ter feito história com esse meninos e ter sido uma peça fundamental. Estou chorando de felicidade, não de tristeza. Não dá para ser triste com uma camisa dessas – disse Serginho, com a voz embargada.

GE

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