Deputados e senadores do PT boicotarão posse de Bolsonaro
As bancadas do PT na Câmara e Senado decidiram não comparecer à posse de Jair Bolsonaro no Congresso Nacional em 1 de janeiro de 2019. É um gesto de alto impacto, pois não há precedentes desde a redemocratização do país, marcada pela eleição de Fernando Collor de Mello. Mesmo com a derrota de Lula nas eleições de 1988, as bancadas do PT estiveram presentes à posse de Collor em 15 de março de 1990. Os parlamentares deverão dirigir-se a Curitiba, para uma posse simbólica do ex-presidente Lula. As bancadas do PC do B e do PSOL estão discutindo se boicotarão a posse ou não.
Há uma avaliação na direção do PT que a posse de Bolsonaro marca não apenas a mudança de governo no país, mas a instalação de um novo regime que, caracterizado pela interferência cada vez maior do militares na vida política nacional em aliança com a cúpula do sistema judicial brasileiro (o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Federal).
A Executiva Nacional do partido indicou a mudança na avaliação do PT em relação à conjuntura nacional em uma nota divulgada ao fim da manhã desta quinta-feira (20), na qual carateriza o período à frente como marcado por um “regime de exceção que se configura no país”. Para o PT, o país saiu da trilha da democracia e do estado de direito.
Com a atitude das bancadas do PT na Câmara e Senado o partido indica à sociedade que sua postura será de confronto com o novo regime e o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro. A cúpula do partido avalia que o clima de violência que cerca o novo poder está se apresentando no cotidiano dos movimentos sociais e explicitou-se nas cerimônias de diplomação de deputados federais, senadores e governadores em vários Estados, com tentativa de agressão de bolsonaristas a todos os que, nas eventos, manifestaram-se pela libertação de Lula. O episódio mais emblemático aconteceu em Minas Gerais, com agressões aos deputados eleitos Beatriz Cerqueira e Rogério Correia, ambos do PT.
Correia levantou um cartaz de Lula Livre na cerimônia e foi agredido pelo deputado Cabo Junio Amaral (PSL), que tentou arrancar-lhe o cartaz da mão com violência. Ele respondeu imediatamente à agressão desferindo um soco no rosto do bolsonarista. Segundo Breno Altman, em entrevista à TV 247, o episódio é ilustrativo do clima que o novo regime procurará instalar no país, com a violência contra manifestações livres do pensamento. Para Altman, a reação de Correia deve ser saudada: “em todo o mundo, quando as forças de esquerda deixaram-se intimidar pela violência fascista, foram acuadas”.
Brasil 247