Crise na Argentina: a fome já atinge a classe média
A indigência em Buenos Aires, capital da Argentina, “duplicou nos últimos três anos (período em que Mauricio Macri está no poder) e a pobreza cresceu em 20%”, diz reportagem da Carta Maior, com informações em textos de Gisela Marziotta, do Página/12, e de Damián Verduga, do Tiempo Argentino. Tomando como base o resultado eleitoral das Legislativas de 2017, o presidente Mauricio Macri já perdeu um terço dos votos que sua coalizão conseguiu a nível nacional. Em números concretos, há dois anos a coligação Cambiemos (“mudemos”) obteve cerca de 42% naquelas Legislativas e atualmente sua intenção de voto está abaixo de 30%, apontam as estimativas publicadas nas últimas semanas e reunidas em levantamento do diário Tiempo Argentino.
“Pode-se dizer que um de cada cinco habitantes da capital argentina é pobre, dado vergonhoso para a cidade mais rica de um dos países mais ricos da América Latina. O prefeito da cidade, Horacio Rodríguez Larreta (macrista), destina cada vez menos orçamento ao programa Cidadania Portenha, cujo objetivo é diminuir a desigualdade através de subsídios orientados a garantir o acesso a produtos de primeira necessidade, o cuidado da saúde e a continuidade educativa”, diz a reportagem da Carta Maior.
Apesar do aumento da pobreza e da indigência na cidade, as verbas para as políticas sociais que permitem conter e dar resposta à crise definharam, segundo o informe do Centro de Estudos Metropolitanos (CEM): “entre 2015 e 2019, as metas orçamentárias do programa Cidadania Portenha se mantiveram em valores suficientes para cobrir até 96 mil lares em situação de pobreza, embora os lares vulneráveis tenha passado de 123 mil a 191 mil (55% mais) no mesmo período”.
“O que se observa é que o nível de recursos investidos é marcadamente inferior ao próprio crescimento do orçamento do governo portenho. Se analisamos o período entre 2015 e 2019, o crescimento nesse aspecto foi de 276%, tendo em conta esses anos de forte inflação e também de aumento da capacidade arrecadatória do Município. Mas quando observamos os recursos destinados ao programa, vemos que foi de 150%. Isso está claramente abaixo da inflação – que na cidade de Buenos Aires se calcula em 185% durante o período de Mauricio Macri na Casa Rosada – e do crescimento do orçamento como um todo”, detalhou Trotta.
Brasil 247