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Cresce o risco de um calote da Grécia. E o Brasil com isso?

protesto na GréciaA cada dia que passa, há menos otimismo sobre a possibilidade de que se possa romper o impasse entre representantes do governo grego e seus credores nas negociações sobre a liberação de uma parcela de 7,2 bilhões de euros do pacote de resgate da União Europeia ao país.

A negociação é uma corrida contra o relógio para a Grécia: se um acordo não for fechado em duas semanas, o país não conseguirá pagar a dívida de 1,6 bilhões de euros com o Fundo Monetário Internacional (FMI) que vence nessa data. Ou seja, terá de dar um calote.

De um lado da trincheira, credores europeus exigem mais reformas econômicas, cortes de gastos e aumentos de impostos para liberar os recursos. Do outro, o governo do primeiro-ministro Alexis Tsipras, eleito em janeiro com uma plataforma antiausteridade, se recusa a “violar seu mandato”.

Nesta quinta-feira, ministros das finanças da zona do Euro falharam mais uma vez em uma tentativa de destravar o diálogo em Luxemburgo.

“O fracasso em obter um acordo marcaria o início de um caminho doloroso que levaria em um primeiro momento a Grécia ao default e, em seguida, a uma saída da zona do Euro e da União Europeia”, advertiu o Banco Central grego.

Mas como um cenário como esse poderia repercutir nas economias do resto do mundo ─ e do Brasil em particular?

Poderíamos ter um “efeito dominó” em que seriam atingidas, em um primeiro momento, a Europa e os países europeus mais vulneráveis e, logo, outras economias que se esforçam para retomar o crescimento?

Há certo consenso entre especialistas ouvidos pela BBC Brasil de que, no caso de um calote grego, o risco de contágio para outros países da região seria menor do que há alguns anos.

“Primeiro porque os bancos europeus já reduziram bastante sua exposição à Grécia. Depois, porque outras economias consideradas vulneráveis do bloco, como Espanha, Portugal e Irlanda, estão caminhando na direção de colocar suas contas em dia e retomar o crescimento”, diz o economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria.

Para ele, “um calote grego poderia até ter algum um impacto no ritmo de recuperação da Europa, mas não iria reverter esse processo.”

O diplomata e ex-ministro da Fazenda, Rubens Ricupero, compara as reverberações de um possível calote grego com o da moratória argentina de 2001.

Em um primeiro momento houve grande turbulência nos mercados da região. Com o tempo, porém, esse efeito se dissipou. “No fim, foi um desastre principalmente para a Argentina, que nunca mais voltou aos mercados financeiros internacionais”, diz ele.

Tanto Wilber Colmerauer, diretor do Emerging Markets Funding, em Londres, João Augusto Neves, analista da Eurasia Group, e Campos Neto, da Tendências, concordam que uma moratória de Atenas poderia ter um impacto em mercados emergentes como o Brasil ao aumentar a aversão ao risco entre investidores.

“No imediato, poderíamos ter uma pressão maior sobre o câmbio, com uma desvalorização do real, por exemplo”, diz Campos Neto.

“Mas esse efeito sobre os emergentes seria de curto prazo”, completa Colmerauer.

Para o diretor do EM Funding, o Brasil, “por estar em uma situação econômica complicada está na linha de frente dos países que podem sofrer com qualquer marola na economia internacional”.

“Mas em função da Grécia não ter nada a ganhar com uma ruptura, não acho que essa deva ser uma preocupação para o país”, diz ele.

BBCBrasil

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Redação DiárioPB

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