Confronto na Faixa de Gaza tem dia mais sangrento
Quase 100 palestinos e 13 soldados israelenses morreram neste domingo (20) no ataque do Exército israelense contra um bairro da periferia da cidade de Gaza, fazendo deste dia o mais sangrento, para os dois lados, desde o início do conflito na Faixa de Gaza.
Os líderes palestinos e a Liga Árabe acusaram Israel de cometer um “massacre atroz” no bairro de Shajaya, e o premiê israelense acusa o movimento palestino Hamas de usar civis como “escudo humano”.
O secretário-geral da ONU Ban Ki-moon se prepara para um giro na região para tentar acabar com o conflito que já matou 435 palestinos e 18 militares israelenses.
Milhares de habitantes fugiram de Shajaya, onde muitos mortos e feridos jazem pelas ruas.
O Hamas e Israel anunciaram que tinham aceitado um pedido do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) para observar uma trégua humanitária entre 10h30 e 12h30 GMT (7h30 e 9h30 no horário de Brasília) em Shajaya.
Contudo, pouco depois, Israel voltou a atacar a região, afirmando responder a agressões do Hamas.
O Exército de Israel anunciou a intensificação de sua ofensiva terrestre, lançada na quinta-feira para neutralizar os disparos de foguetes e os túneis subterrâneos do movimento palestino.
Milhares de pessoas tentavam escapar de Shajaya, um setor perto da fronteira com Israel, onde as ambulâncias não conseguem chegar devido à intensidade dos bombardeios. Um motorista de ambulância e um cinegrafista palestino foram mortos.
Este conflito, o mais sangrento desde 2009 no enclave palestino sob cerco há anos, é o quarto entre o Hamas e Israel em menos de uma década.
O braço armado do Hamas, as Brigadas Ezzedine al-Qassam, reivindicou as operações “por trás das linhas inimigas” em território israelense, alegando ter matado 11 soldados. Dois civis israelenses também foram mortos desde 8 de julho.
O ministro das Finanças israelense, Naftali Bennett, declarou à rádio pública que os túneis escavados pelo Hamas tinham a intenção de “atacar simultaneamente de sete a oito kibutz” (aldeias cooperativas), afirmando que Israel estava “pronto para pagar um preço terrível para evitar que civis israelenses sejam vítimas desta catástrofe”.
Israel mobilizou 53.200 homens dos 65 mil reservistas autorizados pelo governo para a ofensiva nesta pequena faixa de terra de 362 quilômetros quadrados, ondem vivem, em meio à extrema pobreza, 1,8 milhão de palestinos, uma das densidades populacionais mais altas do mundo.
Mas o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ressaltou que não poderia garantir o sucesso da operação militar.
A comunidade internacional tem apelado repetidamente a Israel para preservar a vida dos habitantes, enquanto a ONU diz que mais de três quartos das vítimas são civis.
A ONU em Gaza disse que acomoda mais de 63 mil deslocados, mais do que durante o conflito de 2008-2009 que teve 1.400 palestinos mortos.
Na esperança de obter um cessar-fogo, Abbas deve reunir-se em Doha neste domingo com o líder exilado do Hamas, que exige o levantamento completo do bloqueio a Faixa de Gaza, a abertura da fronteira de Rafah com o Egito e a libertação de prisioneiros. Uma proposta egípcia para um cessar-fogo havia sido rejeitada pelo movimento islâmico palestino.
Na frente diplomática, Ban Ki-moon era esperado neste domingo na região. Durante uma breve visita a Israel, o chefe da diplomacia francesa Laurent Fabius salientou a “prioridade absoluta” para se chegar a uma trégua.
A imprensa israelense ainda apoia em grande parte a ofensiva, mas alguns títulos questionam se o governo estava verdadeiramente preparado para todos os cenários.
G1