Comandada por Moro, PF traz delação contra Witzel, inimigo de Bolsonaro
247 – O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, foi citado em uma delação premiada no âmbito da Operação Calvário, que mira em um suposto esquema de corrupção na Paraíba e abriu frentes de investigação na política do Rio e de São Paulo.
Um acordo de colaboração premiada citou um suposto caixa dois de R$ 115 mil à campanha do chefe do Executivo fluminense, além de propinas aos ex-deputados Cândido Vaccarezza (Avante) e Leonardo Picciani (MDB), que envolveram o lobista Jorge Luz, delator da Operação Lava Jato.
Robson dos Santos França, o Robinho, então assessor do senador Arolde de Oliveira, ex-secretário de Transportes do Rio, apresentou-se como intermediário e arrecadador da candidatura. “Me recordo que naquele ano, Robson me ajudou a receber de maneira mais célere créditos junto àquela Secretaria”, afirmou. Os relatos foram publicados no jornal O Estado de S.Paulo.
Em delação, o lobista Jorge Luz disse ter estabelecido uma “relação de confiança” com Robson, e teria tratado “em diversos períodos eleitorais sobre ajuda financeira”. “Assim aconteceu à época em que ele trabalhou nas campanhas do Arolde de Oliveira à deputado federal e, ainda, quando ele trabalhou na campanha do Antônio Pedro Índio da Costa à Prefeitura do Rio de Janeiro no ano de 2016, logo após assessorá-lo na Secretaria Municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação da Prefeitura no governo de Marcelo Crivella”.
Em outubro de 2018, no segundo turno, o delator afirmou que foi procurado por Robson, que pediu recursos à campanha de Witzel. “Ouvi Robinho pedir a Daniel uma ajudar maior para a campanha de Wilson Witzel (ou seja, mais dinheiro), que ele seria muito grato, pois estava na reta final da campanha e precisando muito de recursos”, narra.
O Núcleo de Imprensa do governo do Rio afirmou que “Robson dos Santos França, assessor do senador Arolde de Oliveira citado na referida delação, não trabalhou na campanha do governador Wilson Witzel; todas as informações sobre a campanha foram prestadas à Justiça Eleitoral e as contas foram aprovadas pelo Tribunal Regional Eleitoral; a campanha de Wilson Witzel não teve caixa dois e o governador condena tais práticas”.
O envolvimento do nome de Witzel acontece em um momento de tensão entre ele e Jair Bolsonaro. O presidente vem acusando o governador do Rio de ter envolvido seu nome e o de seus filhos na investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro sobre o assassinato da vereadora Marielle Franco, além de ter vazado informações. Há ainda uma disputa eleitoral, uma vez que Witzel também quer concorrer à presidência em 2022.