China fixa oficialmente a idade de sua civilização em 5.800 anos
A civilização da China, considerada como a que mais largamente sobreviveu desde a antiguidade até a época contemporânea, nasceu há 5.800 anos e amadureceu como tal há 3.800, anunciaram nesta segunda-feira acadêmicos chineses após 15 anos de trabalho financiado pelo Estado para determinar esta idade.
Detalhes da pesquisa foram anunciados hoje em entrevista coletiva do Conselho de Estado (Executivo chinês) na qual o subdiretor da Administração Estatal de Patrimônio Cultural, Guan Qiang, explicou que “os primeiros sinais de civilização emergiram há 5.800 anos em áreas dos rios Amarelo, Yangtsé e Liao Ocidental”.
Outras regiões da China desenvolveram culturas igualmente avançadas há 5.300 anos, e “3.800 anos atrás, uma civilização mais madura se desenvolveu nas planícies centrais e começou a influenciar culturalmente regiões circundantes”, ressaltou o especialista.
A conclusão é o fruto de um programa para buscar a origem e desenvolvimento da China que começou em 2001 e terminou em 2016, lançado pelo Ministério de Ciência e Tecnologia e do qual também participaram os de Educação e Finanças, assim como as diversas academias estaduais de ciências, entre outras instituições.
A pesquisa foi liderada por especialistas do Instituto de Arqueologia da Academia de Ciências Sociais da China e pela Universidade de Pequim, com destacados responsáveis como os arqueólogos Yan Wenming, Li Boqian e Zhu Fenghan.
“Durante um longo período de tempo houve falta de evidências materiais e de conhecimento sistemático sobre a origem e desenvolvimento da civilização oriental, simbolizada pela China”, admitiu hoje Guan em entrevista coletiva.
A situação começou a mudar com os trabalhos arqueológicos que começaram na China nos anos 20 do século passado, ressaltou o subdiretor de patrimônio cultural.
Até agora, tinham sido considerados grandes traços que a civilização chinesa tinha “mais de 5.000 anos de história”, embora haja diversas teorias sobre sua origem, já que se seguiram critérios diferentes – manifestações escritas, artísticas, ferramentas…- para considerar o nascimento da cultura oriental.
No trabalho apresentado hoje, por exemplo, se unificam as diversas formas de civilização surgida em diferentes regiões da atual China, em vez de considerar só a do rio Amarelo (norte do país), considerada tradicionalmente o verdadeiro berço cultural nacional.
“Várias áreas através da vasta terra da China mostraram diferenças em questão do meio ambiente, economia, sociedade e religião nos seus períodos formativos”, reconheceu Guan, que no entanto afirmou a existência de uma “unidade na diversidade”.
“Eventualmente, se desenvolveu um núcleo de civilização representado pela cultura Erlitou”, acrescentou o especialista, se referindo a culturas pertencentes à idade de Bronze na bacia do Amarelo e que na China são também conhecidas como as dinastias quase lendárias Xia, Shang e Zhou.
Guan também ressaltou que a civilização chinesa durante seu desenvolvimento recebeu importantes influências de culturas estrangeiras, tais como o cultivo de trigo, a domesticação de gado e a própria utilização do bronze, usos importados de povos da Ásia Central e Ocidental.
Agência EFE