CAS rejeita apelo da Rússia, e país fica fora do atletismo nos Jogos do Rio
A Rússia não terá representantes no atletismo dos Jogos do Rio. Através de um comunicado oficial, a Corte Arbitral do Esporte (CAS) anunciou na manhã desta quinta-feira seu veto ao pedido do Comitê Olímpico do país (ROC) para permitir a participação de 68 nomes, entre eles o da bicampeã olímpica Yelena Isinbayeva, nas mais diversas provas da modalidade. O parágrafo que abre a nota fala em “atletas inelegíveis”. Contudo, a Corte não tem o poder de proibir a participação dos mesmos como independentes. Essa decisão é de responsabilidade do Comitê Olímpico Internacional (COI), que vai decidir até o fim desta semana a proibição ou não de toda a delegação da Rússia na Olimpíada.
– Obrigada a todos por terem enterrado o atletismo. Isso é puramente político – comentou Isinbayeva à agência de notícias russa TASS.
O porta-voz do Ministério do Exterior russo fez um discurso e considerou a punição da CAS como um “crime contra o esporte”.
O presidente da Federação de Atletismo da Rússia (Araf), Dmitry Shlyakhtin, disse momentos depois da sentença que sua entidade fez tudo o que era possível para garantir os atletas aptos a participarem dos Jogos Olímpicos.
CRONOLOGIA DO CASO
A corredora russa Yulia Stepanova e seu marido, Vitaly Stepanov, ex-oficial da Agência Antidoping Russa (Rusada), foram os delatores que tornaram possível a reunião de evidências que provassem a dimensão do esquema para burlar o controle antidoping do atletismo do país. Após fornecer documentos e conceder entrevista à rede alemã ARD, que tornou as denúncias públicas, a atleta foi considerada “traidora” na Rússia e mudou-se para o exterior. A Agência Mundial Antidoping (Wada) a classificou como “corajosa” pelos riscos que assumiu ao expor a fraude, e o Comitê Olímpico Internacional (COI) a liberou para competir no Rio com a bandeira de atleta neutra.
No dia 13 de Novembro de 2015, a IAAF suspendeu a Federação de Atletismo da Rússia como membro da entidade. A punição foi confirmada em 26 de novembro e novamente no dia 17 de junho de 2016. O Comitê Olímpico russo entrou com um pedido junto ao CAS, no dia 3 de julho, para a liberação de atletas que não haviam violado nenhuma regra antidoping.
No último dia 15 de julho, 67 atletas do país entraram com um recurso contra a decisão da IAAF de negar os pedidos dos mesmos competir como atletas neutros. Apenas uma ganhou sinal verde da Federação Internacional de Atletismo (IAAF). Foi o caso da saltadora Darya Klishina, que treina nos Estados Unidos e poderá competir no Rio como atleta neutra, sem a bandeira da Rússia. Delatora do escândalo de doping que culminou na suspensão, Yulia Stepanova também poderá competir nas mesmas circunstâncias.
Na última segunda-feira, uma comissão independente da Agência Mundial Antidoping (Wada) divulgou um relatório confirmando a existência de um sofisticado esquema de manipulação do controle antidoping nos Jogos de Inverno de Sochi 2014, confirmando a participação do ex-diretor do laboratório nacional antidoping russo, Grigory Rodchenkov, na manipulação de amostras, com o consentimento de autoridades locais.
A ameaça de suspensão não impediu de o Comitê Executivo do Comitê Olímpico da Rússia (ROC) aprovar e divulgar uma lista de 387 atletas – 201 homens e 186 mulheres – para serem inscritos nos Jogos. Ainda na quarta-feira, o ROC anunciou deveria levar até 700 pessoas ao Brasil, contando também com técnicos e oficiais. Neste número estavam incluídos os 68 nomes do atletismo.
G1