Brincando com coisa séria
Terceirizar responsabilidades tem sido uma prática do primeiro mandatário da nação. Ao não enfrentar os problemas que o país vive, ele transfere a culpa para os outros. Típica manifestação de reconhecimento da própria incompetência. Ao ser interpelado sobre quais as providências que estaria adotando para solucionar a crise energética que está nos inquietando, preferiu, num primeiro momento, falar que tudo isso é consequência de governos anteriores. Depois, como sempre faz, decidiu brincar com coisa séria, e fez piada dizendo que já falou com São Pedro para resolver.
De quem se esperava uma palavra tranquilizadora de que ações estão sendo desenvolvidas no sentido de, pelo menos, minimizar o problema, ouvimos uma explícita revelação de que a questão não está lhe trazendo preocupação. E não se constrange em evidenciar sua costumeira omissão como principal gestor público do Brasil. E faz isso brincando, como se o caos que se instala, seja algo que não mereça uma atenção cuidadosa e responsável, optando por terceirizar aquilo que deveria assumir.
Não há tempo para passividade. Na era dos “poréns”, é mais fácil apontar culpados do que reconhecer a incapacidade de agir no confronto de uma realidade indesejada, para a qual contribuiu na sua efetivação. Aliás, podemos até perceber a autoafirmação da inépcia administrativa, quando diz que “não sabe fazer milagres”. Responsabilidade é uma palavra de origem latina “respondere”, que significa ser capaz de comprometer-se. Lamentavelmente, o presidente da república não tem feito isso. Nunca consegue responsabilizar-se por seus próprios atos.
O estado crítico de escassez da energia elétrica que o país está a enfrentar, tem que ser atacado com ações eficientes e eficazes, por parte de quem está no comando da gestão pública nacional. Não adianta fazer um apelo à população para que economize o consumo da energia elétrica. Claro, que isso também se faz necessário nas atuais circunstancias. Mas é também necessário que se vejam decisões responsáveis objetivando descobrir alternativas para resolver o problema. O momento, por sua condição de gravidade, não permite que se faça do tema motivo de piadas ou brincadeiras despropositadas. Urge implementar medidas administrativas para tentar afastar o risco de racionamento de energia. O governo não pode, simplesmente, aceitar que perdeu o controle da situação.
A crise exige enfrentamento com planejamento, seriedade e transparência, por quem nos governa. Ficamos aguardando que isso aconteça, de forma a que possamos sair do desconforto de vivermos essa insegurança energética. Não podemos brincar com coisa séria.