Brasil vence Peru por 2 a 1 na estreia na Copa América com vitória suada

Sob a ótica do resultado puro e simples, o triunfo por 2 a 1 sobre o Peru, na estreia do Brasil na Copa América, neste domingo, em Temuco, serve para engrossar a excelente estatística brasileira – 11 vitórias seguidas após a Copa do Mundo -, além de deixar a equipe na liderança isolada do grupo C, com três pontos, em condições até de se classificar antecipadamente na próxima partida, quarta-feira, contra a Colômbia.

Mas, a análise de como o Brasil chegou ao resultado deixa um perigoso sinal de alerta. Não só pelo gol da vitória ter saído apenas aos 46 minutos do segundo tempo, marcado por Douglas Costa após jogada espetacular de Neymar. Também autor do primeiro gol, Neymar foi, mais uma vez, o nome do jogo, mas esse não é exatamente um bom indício. A difícil e equilibrada estreia, contra um adversário que não esteve nem perto de se classificar para a última Copa do Mundo, mostrou novamente como o Brasil depende do seu camisa 10. Quando Neymar não aparecia, a seleção se nivelava ao rival, que esteve perto de conseguir um inesperado empate.

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Quem esperava uma seleção peruana dedicada apenas a se defender contra o Brasil se surpreendeu logo aos dois minutos. No primeiro ataque do jogo, David Luiz se atrapalhou na marcação a Guerrero, o goleiro Jefferson tentou um passe na área, em vez de chutar para longe, e Cuevas agradeceu o presente, abrindo o placar com um chute cruzado. Em retribuição à lambança da defesa brasileira, a zaga peruana cochilou na marcação a Neymar, que surgiu livre na área para empatar o jogo de cabeça, após cruzamento perfeito de Daniel Alves, ainda aos quatro minutos.

O gol tranquilizou o Brasil, e a impressão era de que o time de Dunga não teria dificuldade para confirmar o favoritismo. Aos nove, Fred recebeu livre pela esquerda mas cruzou mal. Logo depois, Diego Tardelli errou o chute mas acabou dando um passe perfeito para Neymar, só que o zagueiro Zambrano evitou o gol do camisa 10 quase em cima da linha.

Um bonito lance de Neymar, aos 23 minutos, acabou mudando o rumo da atuação dele e do Brasil no primeiro tempo. Depois de dar dois chapéus seguidos no lateral Advincula, o brasileiro foi agarrado e ficou irritado pelo juiz mexicano Roberto García não ter dado cartão amarelo ao adversário.

A partir de então, o craque brasileiro passou a travar uma batalha particular contra o confuso juiz, reclamando de todas as entradas dos peruanos. Para piorar, começou a abusar do individualismo, buscando a bola no meio do campo e tentando levá-la até a área. A seleção, naturalmente, caiu de produção, e chegou a ser dominada pelo Peru. Ainda assim, poderia ter feito o segundo em bom contra-ataque puxado por Felipe Luís, aos 40, mas o lateral ignorou os pedidos de Tardelli, livre, e bateu para fora. Neymar, de tanto reclamar, conseguiu ganhar um cartão amarelo insólito, aos 44, por retirar o excesso de espuma deixada pelo juiz ao marcar o local de uma falta para o Brasil.

A seleção retornou mais tranquila para o segundo tempo. Aos sete, Neymar voltou a ser objetivo, e acertou o travessão peruano em belo chute da entrada da área. Logo depois, David Luiz cobrou falta com perigo. Mas o ímpeto inicial não durou muito. E o Peru, com um bom jogo coletivo, voltou a equilibrar a partida, embora sem ameaçar o gol de Jefferson.

Aos 21, o técnico Dunga fez a primeira mudança no time: Douglas Costa no lugar de Diego Tardelli. Logo depois, o Brasil voltou a assustar, em bom chute de Willian, que Zambrano cortou no meio do caminho. Aos 29, Neymar ganhou um presente de Advincula, puxou o contra-ataque e deixou Douglas Costa livre, mas o camisa 7 chutou para fora. Já com Roberto Firmino no lugar de Fred, o Brasil se lançou definitivamente ao ataque nos últimos 15 minutos. Aos 44, Neymar chutou de esquerda, da entrada da área, rente à trave direita. E quando o tropeço parecia sacramentando, aos 46, Neymar fez ótima jogada pela esquerda e, com um passe rasteiro, encontrou Douglas Costa livre do outro lado, e o camisa 7 só precisou tocar no canto esquerdo do goleiro Gallese.