“Bolsonaro tem que ser preso”, diz Wagner Moura, que retorna ao Brasil para o lançamento do filme ‘Marighella’
"O Bolsonaro precisa responder por essas mortes. Ele tem que ser preso", disse o ator Wagner Moura, 45 anos, que mora em Los Angeles (EUA), mas retornou ao Brasil para o lançamento de "Marighella", seu primeiro filme como diretor
O ator Wagner Moura, 45 anos, mora em Los Angeles (EUA), mas retornou ao Brasil na última quarta-feira (20) para o lançamento de “Marighella”, seu primeiro filme como diretor. Além de comentar sobre o longa, o artista criticou a condução da pandemia pelo governo Jair Bolsonaro. A entrevista foi concedida ao jornal O Globo.
“Foi uma tragédia, sobretudo porque a grande maioria das 600 mil mortes no Brasil poderia ter sido evitada, como a do Paulo Gustavo. A gente não era tão amigo, mas era um cara com quem eu falava. Quando ele teve os filhos, a gente se falou, trocou ideias sobre a paternidade… Isso é muito doloroso. E o presidente segue andando por aí sem máscara, sem dar exemplo. O Bolsonaro precisa responder por essas mortes. Ele tem que ser preso”.
Ao comentar sobre o filme, o artista rebateu acusações de que precisou ‘mamar na Lei Rouanet’. São duas horas e 40 minutos de ação e tensão, que narram os últimos anos de vida do poeta baiano Carlos Marighella (1911-1969), guerrilheiro comunista interpretado por Seu Jorge.
“Se tivesse sido lançado em 2019, seria um filme. Em 2020, outro. Hoje, espero que ‘Marighella’ enfrente menos oposição. Pois agora está claro para todo mundo que este governo é uma tragédia. Para todo mundo, não… Tem aqueles 25% que foram ao 7 de Setembro (apoiar o presidente), mas a maioria já entendeu que não é uma questão de direita ou esquerda, é uma questão de civilização contra a barbárie. Por isso acho que agora a reação será menos violenta com o elenco… Artista não é ladrão”, disse.
“A acusação de ‘mamar na Lei Rouanet’ me dá tanto ódio. Em ‘Marighella’, não usei um real da Lei Rouanet. Da Lei do Audiovisual também não, porque nenhuma empresa quis botar dinheiro. É uma produção feita com o fundo setorial e dinheiro da Globo Filmes (coprodutora). Não recebi um tostão por esse trabalho. Pelo contrário. Só gastei. E isso também não é problema, porque é um filme que eu amo”, complementou.
De acordo com o ator, a “cena mais marcante, talvez a mais importante, que define o filme, é aquele plano-sequência de abertura, no trem”. “A cena mostra bem a forma como filmamos, sempre em sequência, com energia fluindo, parando o mínimo possível para posicionar a câmera. Foi uma cena realmente difícil e incrível de fazer, tivemos que dar marcha a ré no trem, de noite. Toda a equipe da arte e da elétrica foi envolvida. Essa cena não deveria estar abrindo o filme, aconteceria depois, mas na montagem resolvi puxá-la para o começo”, afirmou.
“Não é um filme para se ver com o laptop em cima da barriga, é cinemão. Acontece muita coisa, necessita de doses de foco”, acrescentou.
Brasil 247