Bard: Google anuncia o seu chatbot inteligente para concorrer com o ChatGPT
Após uma série de rumores, o Google anunciou nesta segunda-feira (6) seu concorrente ao ChatGPT, um chatbot inteligente que responde perguntas dos mais variados assuntos em diversas línguas, desenvolvido pela empresa OpenAI.
Chamado de Bard, o sistema será liberado publicamente nas próximas semanas. O nome, cuja tradução literal é bardo, faz referência às pessoas que transmitiam histórias de forma oral na Europa.
“Há dois anos, nós mostramos os recursos de linguagem e conversação de última geração desenvolvidos pelo LaMDA. Agora estamos chamando-o de Bard”, escreveu Sundar Pichai, diretor-executivo do Google, em anúncio no blog da empresa.
LaMDA (Modelo de Linguagem para Aplicações de Diálogo, em tradução livre) é um modelo de inteligência artificial conversacional que ganhou notoriedade ano passado, pois um dos engenheiros envolvidos no projeto passou a achar que o sistema tinha consciência — ele chegou a dizer em entrevista à Tilt que o sistema era um “ser vivo” e que fazia até piadas. Posteriormente, ele foi demitido pelo Google.
Segundo o Google, o Bard obtém informações atualizadas da internet, gerando “respostas de alta qualidade”. Como exemplo, a gigante das buscas diz que você poderá fazer requisições no Bard como:
- Me ajude a planejar o chá de bebê de um amigo/amiga
- Comparar dois filmes indicados ao Oscar
- Obter recomendações de receitas baseado no que você tem na geladeira
- Quais novas descobertas do James Webb eu poderia falar para o meu filho de 9 anos
“Combinaremos respostas externas com nossos testes para atingir altos níveis de qualidade, segurança e fundamentação em informações do mundo real”, diz o blog post.
A empresa ainda não deixou claro como que será o acesso ao Bard — se haverá um aplicativo, se as pessoas poderão acessá-lo via web ou das duas formas.
Na próxima quarta-feira (8), o Google fará um evento em Paris (França) em que deve detalhar o funcionamento do seu chatbot.
No ChatGPT, da OpenAI, o acesso é feito via web após um cadastro. A partir disso, é possível fazer perguntas em várias línguas, inclusive o português.
Respostas melhores na busca
No anúncio, Pichai diz que aos poucos o Google passará a implementar mais inteligência artificial no resultados das buscas, de modo que o serviço possa dar respostas mais diretas em vez de entregar um resultado com vários links de pesquisa.
“É mais fácil aprender piano ou violão, e quanta prática cada um precisa?” é um dos exemplos de perguntas que o Google responderá.
No exemplo de resposta é dito que depende de cada pessoa, mas que professores de música estimam que praticar uma hora por dia ajuda a aprender o básico, e que para chegar ao nível intermediário leva de 3 a 6 meses. Já piano, para ter um bom nível, é necessário de 6 a 18 meses
O Google não informou uma data de quando vai começar a mostrar estas respostas mais contextuais, limitando-se apenas a dizer que serão liberadas “em breve”.
Por que é importante para o Google ter um chatbot inteligente?
No fim do ano passado, segundo sites especializados em tecnologia dos Estados Unidos, a empresa declarou um “alerta vermelho” para acelerar o desenvolvimento de produtos que utilizassem inteligência artificial de forma conversacional.
O motivo deste “alerta” seria o sucesso do ChatGPT, da OpenAI. Com a liberação do uso, já houve relatos de aprovação em uma universidade americana, com pessoas replicando as perguntas dos testes à inteligência artificial e inserindo no exame.
Além disso, escolas e universidades já estão preocupadas com tarefas escritas que podem ser facilmente resolvidas com um comando no sistema — por exemplo, “escreva uma redação sobre o descobrimento do Brasil”.
Recentemente, um juiz na Colômbia disse que escreveu uma sentença relacionada ao autismo usando o ChatGPT.
A Microsoft tem investido bilhões na OpenAI com o objetivo de integrar o chatbot à busca do Bing. Ainda que o Google seja líder no ramo de busca, a empresa, aparentemente, não quer ficar para trás e perder parte de seus usuários para uma alternativa que ofereça respostas mais inteligentes e contextuais.
Guilherme Tagiaroli / Tilt / UolGuilherme