POLÍTICA

Avenzoar Arruda critica intervenções nos diretórios do PT e Psol em João Pessoa e alerta para crescimento do bolsonarismo

O ex-deputado federal Avenzoar Arruda manifestou duras críticas às intervenções que ocorreram nos diretórios municipais do PT e do Psol durante a campanha do 1º turno para a Prefeitura de João Pessoa. Em sua análise, as interferências internas comprometeram os processos democráticos dentro dos partidos, o que, segundo ele, resultou em um cenário político desfavorável para as esquerdas na capital paraibana.

“A decisão de suprimir os processos democráticos dentro dos partidos de esquerda resultou em uma clara ascensão do bolsonarismo na cidade”, afirmou o ex-parlamentar. Avenzoar destacou que a falta de diálogo interno enfraqueceu as campanhas e deixou espaço para o crescimento de forças políticas adversárias, especialmente aquelas alinhadas à direita conservadora.

A crítica de Avenzoar Arruda reflete uma preocupação com a perda de protagonismo dos partidos progressistas em um momento crucial do cenário eleitoral. Ele enfatiza que a construção de uma frente política sólida depende da participação ativa e do respeito aos processos internos de decisão, aspectos que, de acordo com ele, foram negligenciados durante a campanha.

Confira na íntegra o texto de Avenzoar Arruda:

O primeiro turno das eleições municipais de 2024 no Brasil nos diz algo de muito importante para o futuro, mas aqui em João Pessoa, no entanto, os acontecimentos merecem um destaque especial devido à interferência direta nos processos internos de partidos de esquerda, como o PT e o PSOL. Diferente de outras localidades, onde a escolha de candidatos seguiu o curso normal das instâncias partidárias, na capital paraibana houve uma clara intervenção “de cima para baixo”, que alterou drasticamente o panorama eleitoral. O PT, tradicionalmente acostumado a realizar prévias internas para definir seus candidatos, foi impedido de fazê-lo, assim como o PSOL, que viu suas plenárias internas para escolher candidatos e definir alianças vetadas, sob o argumento de que não poderiam votar para não atrapalhar a unidade das esquerdas.Essas intervenções políticas, sob o argumento de “necessárias para unir a esquerda”, acabaram moldando o resultado das eleições em João Pessoa de maneira notável. A decisão de suprimir os processos democráticos dentro dos partidos de esquerda resultou em uma clara ascensão do bolsonarismo na cidade. Com a militância humilhada e pisoteada em seu mais simples direito de se manifestar e decidir, o campo conservador ganhou espaço e, consequentemente, alavancou a disputa para o segundo turno, uma reviravolta que poucos previam inicialmente. Essa estratégia de intervenção parece ter sido desenhada para beneficiar determinados grupos políticos, sacrificando a diversidade de ideias e a autonomia interna das legendas.

O que vimos em João Pessoa é um exemplo preocupante de como a centralização excessiva de decisões pode influenciar os rumos da política. Antes o inimigo era a extrema direita, depois o inimigo passou a ser o crime organizado e a extrema direta aliada nesta luta, agora, seja lá o que for, os comandantes querem permanecer comandando. As lições a serem tiradas desse episódio envolvem não apenas o impacto dessas decisões nas eleições de 2024, mas também os desafios para chamada esquerda como um todo.

A retirada da candidatura de Cida Ramos pelo PT e o impedimento do PSOL de lançar candidatura própria representam interferências que dificultam qualquer avaliação precisa sobre o impacto que essas candidaturas teriam tido no resultado eleitoral em João Pessoa. Sem a participação efetiva desses partidos no pleito, pela ausência de suas militâncias espontâneas, perde-se a possibilidade de medir sua capacidade de mobilização, articulação e penetração no eleitorado. Embora seja impossível prever exatamente o que teria ocorrido, é razoável afirmar que a presença de candidaturas mais robustas, porque abraçadas pela militância espontânea desses partidos, teria oferecido ao eleitorado opções mais diversificadas e poderia ter freado o avanço de outras forças, como o bolsonarismo, que acabou sendo alavancado para o segundo turno. A ausência dessas candidaturas fragilizou o campo progressista e reduziu as chances de que uma alternativa viável ao conservadorismo emergisse com força.

O cenário que se desenhou, com o PSOL saindo enfraquecido e o bolsonarismo fortalecido, suscita uma pergunta crucial: de quem é a responsabilidade por esse resultado? A falta de espaço para o debate democrático dentro desses partidos, associada à intervenção externa nos processos de escolha de candidaturas, claramente impactou a capacidade de mobilização da militância e rebaixou o PSOL a uma posição ainda mais enfraquecida do que a de antes da disputa. Se não houve uma estratégia mais bem elaborada para o fortalecimento da esquerda, restam dúvidas sobre quem tomou as decisões que resultaram nesse cenário. Portanto, é fundamental que se pergunte: quem deve responder por essas escolhas que acabaram moldando o cenário eleitoral de forma tão desfavorável para o campo progressista?

Redação DiárioPB

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