Ato em memória de Marcelo Arruda pede pelo fim da violência política
Lideranças políticas, representantes religiosos, indígenas e familiares homenagearam o dirigente petista, pedindo por mais paz e menos violência no contexto político
Familiares e amigos de Marcelo Arruda, guarda municipal e tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT) assassinado por um bolsonarista no dia 9 de julho durante a própria festa de aniversário, realizaram neste domingo (17/7) um ato na Praça da Paz, em Foz do Iguaçu (PR). Lideranças políticas, representantes religiosos, indígenas e familiares homenagearam o dirigente petista, pedindo por mais paz e menos violência no contexto político.
Luiz Donizete, irmão de Marcelo, afirmou em discurso durante o ato que não tem dúvidas de que o homicídio do irmão foi “um ato político”. “Aquele camarada [Guaranho] chegou lá e só teve aquela reação maldita porque viu um movimento [político] diferente do dele. E qual é o problema de o Marcelo ter um movimento diferente de qualquer outra pessoa?”, questionou. Ele afirmou ainda que barrar a escalada de violência é importante para que outras famílias não sofram perdas. “A gente tem que ter um Brasil único, de brasileiros, que queiramos viver em paz.”
O advogado da família, Ian Vargas, explicou o andamento das investigações, após a Polícia Civil ter encerrado o inquérito na última sexta-feira (15/7), com o indiciamento de homicídio qualificado por motivo torpe. “A polícia se nega a dizer que foi situação de intolerância política, e tenta transformar o caso em situação de briga comum. Mas o Ministério Público tem autonomia para dizer que foi um caso de intolerância política”, declarou Vargas, que agora aguarda a denúncia do Ministério Público.
A presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, que esteve presente no ato, teceu críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) em repúdio à violência política. “Não podemos deixar normalizar crimes e assassinatos como esse, sob pena de transformarmos um processo político, eleitoral, em um banho de sangue da população brasileira. O caso do Marcelo não é um caso isolado, não é uma briga de vizinho, que já seria trágica, mas não é”, disse. A deputada lembrou de outros assassinatos por motivação política, como os recentes de Bruno Pereira e Dom Phillips e de Marielle Franco.
O evento também contou com apresentação musical de povos originários, ato ecumênico e falas de organizações locais de segurança, como o Movimento de Policiais Antifascismo. Lideranças políticas locais e familiares lembraram da trajetória de Marcelo e disseram que darão continuidade à sua luta pela igualdade e liberdade de expressão. Ao final do ato, balões brancos com sementes de árvores foram soltos no céu de Foz do Iguaçu.
Correio Braziliense