Às vésperas de Tóquio 2020, COB monta esquema para proteger atletas do coronavírus
O surto do coronavírus virou um dilema mundial e não poderia ser diferente com atletas e comitês olímpicos, especialmente às vésperas dos Jogos de Tóquio 2020. A próxima edição da Olimpíada está marcada para iniciar dia 24 de julho, mas estaria ameaçada em caso do não controle da pandemia. Vários eventos, inclusive pré-olímpicos, já foram cancelados ou adiados. Preocupado com a situação, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) montou um esquema para proteger atletas, em especial aqueles que competiram ou moram fora do país.
A ideia do COB é concentrar no Brasil o maior número de atletas que vão para as Olimpíadas, trazendo para “casa” aqueles que não estão no país. Na chegada, a estratégia é isolar esses esportistas em hotéis até que exames possam ser feitos para detectar possível contaminação. Arthur Zanetti, Rebecca Andrade e outros três atletas que estavam na Copa do Mundo no Azerbaijão vão passar por esse protocolo. Na última quinta-feira, o Comitê já tinha tomado outra medida preventiva ao cancelar eventos e definir que a seletiva olímpica de natação marcada para abril será de portões fechados.
– Eu sou médica do esporte, então a última coisa que eu quero é tirar meu atleta do esporte, mas eu preciso antes de tudo pensar na saúde dele e das pessoas em volta dele. Isso que é o que a gente tem orientado os atletas como COB. Mas a gente precisa mantê-los ativos. Então a gente está pensando em estratégias, em academias dentro de casa, mudar o horário do treino para que ele treine mais isolado. Esses atletas que estão vindo de fora que tenham pelo menos alguma suspeita – disse Ana Carolina Côrte, coordenadora médica do COB.
Ainda segundo a médica, acredita-se que os sintomas nos atletas sejam mais brandos, por serem geralmente fortes e bem cuidados. No entanto, os danos de uma quarentena a esse grupo poderia acarretar em grandes perdas com relação a desempenho, especialmente no caso de uma “parada” superior a 20 dias.
– Existe uma perda de força de cerca de 32% quando você fica três semanas sem treinar. Então, a gente tem que ter um cuidado muito grande. Pra algumas modalidades, a força é muito importante. Na maioria delas. O esporte hoje é muito movido na parte física. Então a gente precisa mantê-los ativos. Claro, se ele está doente, muito sintomático, prioridade é cuidar da suade dele sem dúvida. Não vou pensar em oura coisa – disse.
Ana Carolina Côrte afirma ainda que a taxa de mortalidade do coronavírus é baixa, mas o problema está na transmissão, que é muito rápida. Ela recomenda aos atletas – mesmo vale para a população de um modo geral – “evitar aglomeração, cuidar da higiene, lavar sempre as mãos, ter cuidado com secreções, espirro e tosse, além de manter distância de dois metros de pessoas com sintomas respiratórios”.
O que dizem os atletas
- Sarah Menezes (judô)
“O Brasil, o mundo todo está cancelando muitas atividades. A nossa corrida olímpica fica mais complicada ainda. Mas, lembrando que a gente é persistente, determinado, vamos continuar trabalhando, treinando, se protegendo o máximo fora do local do tatame. E pensar sempre positivo, que esse vírus vai acabar, que as coisas vão voltar a funcionar e que estamos preparados para tudo”
- Arthur Nory (ginástica)
“A gente tem que se policiar em relação a isso, mas continuar se preparando, a nossa cabeça, de um atleta olímpico, principalmente toda essa preparação. Foram quatro anos, faltam menos de quatro meses, então é todo cuidado no ano olímpico. A gente tem que ficar cuidando muito da saúde, da cabeça, da parte técnica. Então é esse cuidado, essa prevenção, procurar se informar sempre diretamente com os médicos, os especialistas e o foco no trabalho para no dia 24 de julho estar preparado para competir”
- Ana Sátila (canoagem slalom)
“É muito difícil, a gente tinha toda uma programação preparada e realmente saber assim de última hora que tudo tá mudando repentinamente realmente é muito difícil para o atleta se adaptar. Eu tenho fé que todo treinamento tá sendo muito bom, muito produtivo e já ter a vaga olímpica e conseguir continuar nessa linha de treinamento muito forte, com certeza vai ser suficiente para a gente chegar lá no nosso ápice, muito bem preparado em Tóquio 2020”
- Thiago Wild (tênis)
“Se eu seguisse na linha de trabalho, na linha de resultados que eu estava, sim, eu teria capacidade de classificar. Era um objetivo que eu tinha. Agora preciso ver como vai ficar o calendário, preciso ver quando vou voltar a jogar, quando vão ser os torneios e qual que é o deadline para as Olimpíadas”
- Silvana Lima (surfe)
“Eu estava na Austrália e eu ainda tinha mais uma etapa que seria na Nova Zelândia, que foi cancelada. Não só essa, como todas as etapas que iam rolar no mês de março foram canceladas. Foi uma opção melhor, segurança para todo mundo de não rolar essas etapas por conta desse coronavírus que está bem sério. Melhor assim. Eu sei que a vontade da gente é estar competindo, estar mantendo a forma de competição para se preparar mais para as Olimpíadas”
- Ágatha Rippel (vôlei de praia )
“Para nós, nesse momento a Olimpíada está de pé, na data que está marcada já há muitos anos. A gente está planejado para isso, nosso foco é esse. Então julho estaremos em Tóquio jogando. Estamos orando para que não mude, porque eu acho que seria muito ruim em vários sentidos, para tudo né!? Não só para os atletas, mas para o mundo inteiro, envolve muitas áreas os Jogos Olímpicos. É um evento muito grandioso.
Globoesporte