CRÔNICAS DO COTIDIANO

As bolhas ideológicas

Quem se dispõe a integrar uma bolha ideológica, abre espaço para fortalecer a radicalização. Torna-se um fanático que recusa estabelecer diálogos na interpretação dos fatos reais, nunca admitindo ouvir ideias contrárias. Decide distanciar-se da pluralidade de opiniões e conceitos, porque é mais confortável cercar-se de indivíduos com os mesmos gostos e aptidões.

As bolhas ideológicas são responsáveis pela propagação de intolerâncias e preconceitos, limitando uma visão realista do mundo moderno. Nelas há uma enorme dificuldade de que se estabeleça uma convivência com as diferenças. É desprezado o senso crítico em relação às informações recebidas, absorvidas pela falsa sensação de que defendem a verdade absoluta. São manifestações de interesse político que privam seus integrantes do conhecimento diversificado. Por consequência evidencia-se a alienação, provocada pela manipulação de mentes.

O mundo virtual torna-se o terreno fértil para a atuação dessas bolhas ideológicas. Segundo Einstein, “tudo aquilo que o homem ignora não existe para ele”. Portanto, o universo dos que se colocam dentro dessas bolhas se resume ao tamanho do saber de cada um, levando-os a pensar de forma unilateral. Não procuram a veracidade daquilo que compartilham, desde que esteja dentro das ideologias do grupo aos quais está inserido.

Numa sociedade democrática não se admite a exclusão promovida pelas bolhas ideológicas. O encarceramento intelectual desenvolvido por elas, afasta o exercício da mentalidade crítica. Somos uma nação multicultural, o que nos obriga a reagir contra esses círculos sociais fechados, divulgadores de argumentos irresponsáveis que inevitavelmente geram ambientes de conflitos. É imperativo que se abram possibilidades de troca de experiências e de conhecimento, estimulando a reflexão dos indivíduos sobre o próprio entendimento, para que se possa construir uma sociedade inclusiva.

As bolhas ideológicas tentam homogeneizar pensamentos, colaborando para a segmentação de grupos políticos banalizando conteúdos divergentes. O surgimento das fakenews tem alimentado um cenário de preguiça intelectual, resultando em conformismo e alienação. E isso não é bom para a prática da cidadania plena.

Rui Leitão

Veja também

Sérgio Ricardo entrevista o ator Joallisson Cunha, da série “Cangaço Novo” no Alô Comunidade

 

Redação DiárioPB

Portal de notícias da Paraíba, Brasil e o mundo

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo