Apoio à denúncia contra Bolsonaro e ao STF domina as redes, aponta levantamento

O julgamento que tornou Jair Bolsonaro (PL) réu por tentativa de golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal provocou uma verdadeira explosão de engajamento nas redes sociais. De acordo com levantamento da consultoria Bites, publicado pelo jornal O Globo, o episódio registrou o maior volume de menções ao ex-presidente e à Corte em um ano, com predominância de manifestações favoráveis à aceitação da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Entre terça (25) e quarta-feira (26), foram registradas 2,44 milhões de postagens que citam Bolsonaro, os ministros da Primeira Turma do STF, a trama golpista ou temas relacionados. No primeiro dia do julgamento, as menções chegaram a 1,5 milhão — número que superou o pico anterior, ocorrido em fevereiro, no dia em que a PGR apresentou a denúncia formal contra o ex-presidente. Na quarta-feira, até as 19h, outras 950 mil publicações foram contabilizadas.

Segundo André Eler, diretor-técnico da Bites, “os dados mostram que Bolsonaro ainda tem a capacidade de chamar atenção e de mover os apoiadores. O ex-presidente continua pautando a mídia e as redes sociais. A esquerda consegue se organizar para disputar o debate, mas não há indícios que o bolsonarismo está vencido no ambiente digital”.

O julgamento também desencadeou o maior pico de buscas por “Bolsonaro” e “STF” no Google nos últimos doze meses. A procura pelo nome do ex-presidente mais que dobrou em relação à semana de 21 de novembro de 2023, quando ele foi indiciado pela Polícia Federal. Já o Supremo teve mais buscas do que na semana em que ocorreu um atentado à bomba na Praça dos Três Poderes.

Ainda que as redes sociais sigam polarizadas, a análise qualitativa da consultoria indica um ambiente digital mais receptivo à decisão do STF. Entre as 50 postagens com mais compartilhamentos na plataforma X (ex-Twitter), 34 tiveram tom favorável à aceitação da denúncia, 14 foram críticas à decisão e duas se mantiveram neutras.

Enquanto bolsonaristas tentaram estruturar a defesa de seu líder digitalmente desde o primeiro dia do julgamento, a esquerda demonstrou maior capacidade de comemoração e mobilização após a decisão da Primeira Turma do STF na quarta-feira. O ex-presidente, no entanto, ainda demonstra força em suas próprias redes sociais. Na comparação com Lula, Bolsonaro teve seis publicações no Instagram com mais curtidas do que o post mais engajado do presidente petista durante viagem ao Japão — que alcançou 102 mil curtidas.

Agora oficialmente réu, Bolsonaro poderá enfrentar até 43 anos de prisão caso seja condenado com a aplicação das penas máximas previstas nos cinco crimes apontados pela PGR: organização criminosa, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União, e deterioração de patrimônio tombado.

Além disso, a PGR considerou agravantes como o uso de arma de fogo no crime de organização criminosa, o que pode elevar a pena em até 50%, e o exercício do comando do grupo, que pode gerar aumento de um sexto a dois terços da pena total. A defesa do ex-presidente segue negando as acusações e classificando a denúncia como “infundada”.

Com Brasil 247