Rio – Amigos e familiares se despediram do apresentador, ator, humorista e escritor Jô Soares durante velório realizado em São Paulo, na tarde desta sexta-feira. O veterano morreu aos 84 anos, nesta madrugada, no Hospital Sírio-Libanês, também na capital paulista. Ele estava internado desde o dia 28 de julho para tratar uma pneumonia. A causa da morte ainda não foi divulgada. Assim como o velório, o sepultamento de Jô também será restrito à família e pessoas mais próximas.
O médico Dráuzio Varella e sua mulher, a atriz Regina Braga, foram alguns dos primeiros a chegar à cerimônia, assim como o maestro João Carlos Martins. “A fórmula Jô Soares infelizmente apagou-se essa noite. Eu tive enormes experiências com ele e devo muito a ele pela credibilidade que eu sempre procurei ter na minha vida com relação a música e o Jô fez parte desse momento da minha vida. Eu tenho uma história com o Jô fantástica. Ele tinha um senso de humor incrível. Ele era um gênio que Deus colocou na Terra, com um senso de humor que poucas pessoas tiveram em nosso país, um caráter incrível… Em outras palavras, Jô Soares realmente faz falta”, disse João Carlos Martins a CNN Brasil sobre a morte do amigo.
Zélia Duncan, atual mulher de Flávia Pedras, ex de Jô Soares, levantou um quadro do apresentador ao chegar no local. Famosos como Tiago Leifert e Daiana Garbin, Bete Coelho, Juca de Oliveira e a mulher, Maria Luiza, também foram prestar suas últimas homenagens. O apresentador Silvio Santos mandou uma coroa de flores para Jô Soares.
Ícone do humor
Jô Soares morreu aos 84 anos, nesta madrugada. Ele estava internado desde o dia 28 de julho. A família do apresentador não divulgou a causa da morte.
Apresentador, ator, diretor, escritor e humorista, Jô Soares foi um dos principais comediantes do Brasil e é considerado um dos pioneiros do stand-up. O veterano participou de atrações que fizeram parte da história da televisão, como “A família Trapo” (1966), “Planeta dos homens” (1977) e “Viva o Gordo” (1981).
O veterano também fez participações no “Grande Teatro Tupi”, da TV Tupi, ao lado de nomes como Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi, Sérgio Britto e Aldo de Maia. Em 1960, Jô se mudou para São Paulo e começou a trabalhar na TV Record, onde escreveu várias atrações, como “La reuve chic”, “Jô show”, “Praça da alegria”, “Quadra de azes, “Show do dia 7” e “Você é o detetive”.
“A família trapo”, exibido entre 1967 e 1971, exibida aos domingos, foi o grande destaque desta época. Jô começou apenas escrevendo o roteiro, ao lado de Carlos Alberto de Nóbrega, mas depois ganhou um papel na atração: o mordomo Gordon. O elenco contava ainda com nomes como Otelo Zeloni, Renata Fronzi, Ricardo Corte Real, Cidinha Campos e Ronald Golias.
O artista deixou a “Família Trapo” um ano antes de seu fim, em 1970, e assinou contrato com a TV Globo, onde ficou por 17 anos. Sua estreia foi no programa “Faça Humor, Não Faça Guerra”, como roteirista. Em 1973, trabalhou em “Satiricom”. Em 1977, se dividiu entre as funções de ator e redator no programa “O Planeta dos Homens”, que ficou no ar até 1982. No entanto, Jô deixou a atração um ano antes para se dedicar ao projeto de “Viva o Gordo”.
Em 1987, seu contrato com a TV Globo chegou ao fim e o artista estreou no SBT com o programa “Jô Soares Onze e Meia”, que ficou no ar por 11 anos e rendeu mais de seis mil entrevistas. Ele voltou para a TV Globo no ano 2000, quando estreou o “Programa do Jô”, que ficou no ar até 2016.
No dia 16 de dezembro de 2016, Jô Soares se emocionou em seu programa de despedida, em que entrevistou o cartunista Ziraldo. “Que alegria ver tantos amigos queridos aqui na plateia. O programa só durou esse tempo todo graças a essa equipe. Minha vida realmente mudou graças à plateia, sem vocês eu não existo. A todo esse pessoal, meu eterno beijo do Gordo”.
Além da TV, Jô Soares escreveu para os jornais “O Globo”, “Folha de S. Paulo” e para a revista “Manchete”. Ele também assinou, entre 1989 e 1996, um coluna na “Veja”. O veterano também escreveu cinco livros: “O astronauta sem regime” (1983), “O Xangô de Baker Street” (1995), “O homem que matou Getúlio Vargas” (1998), “Assassinatos na Academia Brasileira de Letras” (2005) e “As esganadas” (2011).
No teatro, Jô ficou conhecido por seus monólogos marcados pelo tom crítico e com sátiras da vida cotidiana e política do Brasil. Os principais foram: “Ame um gordo antes que acabe” (1976), “Viva o gordo e abaixo o regime!” (1978), “Um gordoidão no país da inflação” (1983), “O gordo ao vivo” (1988), “Um gordo em concerto” (1994) e “Na mira do gordo” (2007).
Como ator, participou de “Auto da compadecida” e “Oscar” (1961). Já como diretor, trabalhou em “Soraia, Posto 2” (1960), “Os sete gatinhos” (1961), “Romeu e Julieta” (1969), “Frankenstein” (2002), “Ricardo III” (2006).
A estreia no cinema aconteceu na comédia “Pé na Tábua”, de Victor Lima, com história de Chico Anysio, em 1958. Jô atuou em mais de 20 filmes, entre eles “O Homem do Sputnik” (1959), de Carlos Manga, “Ceará Contra 007” (1965), de Marcos Cesar, “Hitler III Mundo” (1968), de José Agrippino de Paula, e “A Mulher de Todos” (1969), de Rogério Sganzerla. Assinou roteiro e direção de “O Pai do Povo” (1976). Também participou de “O Xangô de Baker Street” (2001), baseado em seu livro homônimo, com direção de Miguel Faria Jr. Sua última aparição em filme foi em ‘Giovanni Improtta’ (2013), dirigido e estrelado por José Wilker.
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