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Alcolumbre participou de esquema de rachadinha no gabinete dele no Senado, diz revista

Segundo a ‘Veja’, o senador ficou com salários de seis assessoras durante anos. A revista afirma que o valor total da fraude no gabinete de Davi Alcolumbre é de, pelo menos, R$ 2 milhões.

Reportagem da revista “Veja” publicada nesta sexta-feira (29) afirma que o senador Davi Alcolumbre, do Democratas, participou de um esquema de rachadinha no gabinete dele. Segundo a revista, a fraude ocorreu inclusive no período em que Alcolumbre presidiu o Senado.

A reportagem da revista “Veja” afirma que a prática de rachadinha durou anos no gabinete do senador Davi Alcolumbre, do Democratas do Amapá, e que “ele ficou com salários de seis assessoras”.

A reportagem afirmou que “as seis foram contratadas, mas nunca trabalharam. Tinham vencimento que variavam de R$ 4 mil a R$ 14 mil por mês, mas não recebiam esse dinheiro de forma integral”.

E que Alcolumbre “empregou em seu gabinete mulheres, cuja única função era servir como instrumento de um conhecido mecanismo de desvio de recursos públicos. Admitidas, elas abriam uma conta no banco, entregavam o cartão e a senha a uma pessoa da confiança do senador e, em troca, ganhavam uma pequena gratificação. Salários, benefícios e verbas rescisórias a que elas teriam direito não ficavam com elas”.

A revista afirma que o valor total da fraude que ocorreu no gabinete do senador Davi Alcolumbre é de, pelo menos, R$ 2 milhões.

Ele foi eleito senador em 2015. E, também de acordo com a reportagem, o esquema teria começado no ano seguinte, em 2016, e continuado até março deste ano.

Alcolumbre presidiu o Senado Federal, chefe de um dos três Poderes da República, de 2019 a 2021, e, hoje, é presidente da comissão mais importante da Casa, a Comissão de Constituição e Justiça. Está nas mãos dele a marcação de pautas como a sabatina do ex-ministro da Justiça André Mendonça.

Mendonça foi indicado há três meses e meio pelo presidente Jair Bolsonaro para uma vaga no Supremo Tribunal Federal. Alcolumbre vem recebendo muita pressão por até agora não ter marcado a votação.

A revista “Veja” entrevistou as mulheres que relataram o esquema de rachadinha. Elas moram na periferia do Distrito Federal e não tinham experiência legislativa. Uma das ex-funcionárias afirmou à revista que o parlamentar negociou diretamente o desvio de verba pública com ela.

A diarista Marina Ramos Brito ocupou o cargo de auxiliar sênior. Segundo registros do Senado Federal, trabalhou no gabinete de Alcolumbre entre 2016 e 2020.

Marina detalha: “Estava desempregada. Meu salário era de mais de R$ 14 mil, mas topei receber apenas R$ 1.350. A única orientação era para que não dissesse para ninguém que tinha sido contratada no Senado.”

Ela disse à “Veja”: “O senador me falou que eu não era capacitada para o emprego, que não tinha curso superior, mas que iria me ajudar. Ele disse assim: ‘Eu te ajudo e você me ajuda’”.

Conforme a reportagem, Marina recebeu “um pedido para arregimentar cinco mulheres que estivessem desempregadas, precisando de dinheiro e dispostas a fazer o mesmo acordo, de preferência, que tivessem filhos pequenos. O Senado paga um auxílio de R$ 830 para cada filho em idade pré-escolar”.

A revista segue afirmando que “das seis funcionárias fantasmas, apenas uma, Jessyca Priscylla Pires, se recusou a entregar o cartão e a senha do banco. Todos os meses, ela sacava o dinheiro na boca do caixa, retirava sua parte, R$ 800, e entregava o restante, cerca de R$ 5 mil, a uma pessoa indicada por Paulo Boudens, chefe de gabinete do senador”.

Segundo a revista “Veja”, Marina Ramos Brito, Lilian Alves Braga, e a irmã dela, Larissa Alves Braga, estão processando o senador pelo descumprimento de direitos trabalhistas. Elas dizem que foram demitidas enquanto estavam grávidas.

A reportagem afirma que, no processo que tramita na Justiça, “há extratos bancários que comprovam que alguém zerava as contas das ex-funcionárias a partir do instante em que o pagamento era creditado. Os saques eram feitos num caixa eletrônico que fica a 200 metros do gabinete do senador”.

A revista procurou Alcolumbre, e ele disse que questões administrativas, como a contratação de funcionários, ficavam a cargo de seu então chefe de gabinete, Paulo Boudens.

Boudens deixou a função de chefe de gabinete em fevereiro deste ano, mas continua como assessor do senador. O Jornal Nacional tentou falar com Boudens, sem sucesso.

Alcolumbre divulga nota

Nesta sexta-feira, em nota, Davi Alcolumbre disse que vem sofrendo uma campanha difamatória sem precedentes. Há algumas semanas soltou nota à imprensa informando que não aceitaria ser ameaçado, intimidado e tampouco chantageado. Além de repetir firmemente o mesmo posicionamento, ele acrescenta que tem recebido todo tipo de aviso, enviado por pessoas desconhecidas, que dizem ter informações sobre uma orquestração de denúncias mentirosas contra ele.

Afirmou também que foi surpreendido com uma denúncia que aponta supostas contratações de funcionários fantasmas e, até mesmo, o repudiável confisco de salários.

Que nunca, em hipótese alguma, em tempo algum, tratou, procurou, sugeriu ou se envolveu nos fatos mencionados, que somente tomou conhecimento agora, por ocasião dessa reportagem. Tomará as providências necessárias para que as autoridades competentes investiguem os fatos. E que continuará o mandato sem temor e sem se curvar a ameaças, intimidações, chantagens ou tentativas espúrias de associar o nome dele a qualquer irregularidade.

O senador termina dizendo que a denúncia é “uma orquestração por uma questão política e institucional da CCJ e do Senado Federal”.

Fonte: g1.globo.com

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