AGU solicita investigação da PF após onda de fake news sobre Galípolo que puxou a alta do dólar
Postagens falsas atribuídas ao futuro presidente do BC afetaram a percepção do mercado, motivando a apuração de crimes contra o sistema financeiro
A Advocacia-Geral da União (AGU), comandada pelo ministro Jorge Messias, encaminhou, nesta quarta-feira (18), ofícios à Polícia Federal (PF) e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) solicitando a abertura de investigações sobre possíveis crimes contra o mercado financeiro. O pedido ocorre após a veiculação de postagens falsas, atribuídas a Gabriel Galípolo, futuro presidente do Banco Central (BC), que teriam gerado impactos negativos na cotação do dólar.
Segundo nota da AGU, além de usarem indevidamente o nome de Galípolo, as publicações continham desinformações sobre a política monetária e a atuação do próprio BC. A ofensiva da entidade se deu por meio da Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD), acionada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR).
Na última terça-feira (17), um perfil suspeito na rede social X (antigo Twitter), com cerca de 3.500 seguidores, divulgou supostas falas de Gabriel Galípolo, atribuindo ao atual diretor de política monetária posicionamentos sobre uma hipotética moeda do Brics e a possibilidade de reduzir a influência do dólar. Em outra postagem, o mesmo perfil alegava que Galípolo não estaria preocupado com a alta do dólar – supostamente considerada “artificial” – e que haveria uma meta para trazer a moeda americana de volta ao patamar de R$ 5,00 em 2025.
Essas informações apócrifas circularam rapidamente em grupos de investidores e chegaram ao conhecimento da diretoria do BC, que prontamente desmentiu a veracidade do conteúdo. Na ocasião, Gabriel Galípolo estava em Brasília e não participava de nenhum evento público que pudesse gerar declarações desse tipo. A veiculação do boato ocorreu antes da divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom), justamente quando o dólar alcançava a marca de R$ 6,20.
No ofício enviado às autoridades, com base em dados da Secom/PR, a PNDD ressaltou que a desinformação pode comprometer diretamente a eficácia da política pública de estabilização cambial, criando um ambiente de incerteza e impacto nos preços dos valores mobiliários. “Sabe-se que há relação direta entre a cotação de moeda estrangeira, notadamente o dólar, e os preços dos valores mobiliários negociados em bolsas de valores, tanto que a recente elevação do valor da moeda americana veio acompanhada de queda do montante de valores negociados no mercado de capitais”, descreve um trecho do documento.
Brasil 247