A ignorância soberba
Quando a ignorância se manifesta na soberba, a prepotência se revela explicitamente. Prevalece a vanglória da iniquidade no esforço de subestimar os outros. A arrogância se apresenta produzindo uma alienação narcisista. O soberbo pensa que é inteligente. Proclamando-se arauto da liberdade, faz exatamente o contrário do que prega.
Não se acabrunha em aplicar o massacre negativista, nem se envergonhar do papel de submisso a que se submete. Lao Tsé já dizia: “quem ignora a sua ignorância vive na mais profunda ilusão”. Fico com pena quando vejo alguém se orgulhar da própria ignorância. Isso está sendo uma atitude de alguns brasileiros na contemporaneidade, os negacionistas. A ignorância está relacionada à ausência do saber, da falta de informação. Mas isso não se faz importante para quem decidiu ser subalterno ao que os outros pensam.
O orgulhoso apega-se à ideia de que tudo sabe e tudo conhece. Teimoso, está sempre discordando daquilo que é informado e que não atenda aos seus interesses pessoais. Seu individualismo exacerbado o coloca em situações desconfortáveis, quase sempre. Lamentável quando a ignorância passa a ser motivo de exaltação ostensiva.
Ele se coloca acima da realidade, porque não lhe interessa a verdade que está à sua vista. A fantasia determina o seu agir e o seu pensar. O mais importante é a aparência. Costuma mentir a si mesmo. A tristeza e o desassossego da soberba o acompanham permanentemente. Mesmo assim considera-se perfeito.
A armadilha do orgulho próprio é um sentimento em que a pessoa se acha única e acima dos outros, predominando a soberba. Mais grave quando ela se afirma na ignorância, na resistência em querer aceitar o contraditório. Os outros não importam para uma pessoa soberba. Ela vive presa às ilusões de grandeza e de poder. Salomão dizia: “onde houver soberba haverá ignorância, mas onde houver humildade haverá sabedoria”.
Rui Leitão