A fascistização
Lamentavelmente estamos assistindo um processo de fascistização no Brasil. É explícita a manifestação de vontade em instituir um sistema autoritário de dominação., buscando monopolizar a representação política. Procura-se promover o aniquilamento das oposições no uso da violência verbal e das ameaças ao estado democrático de direito. Arquitetam montar um aparelho de propaganda baseado no controle das informações e dos meios de comunicação. Tentam impor o dirigismo estatal em consonância com a lógica totalitária.
Os grupos socialmente excluídos são vítimas de agressões físicas e morais. São cada vez mais explícitas as discriminações contra as minorias. São recorrentes os ataques à liberdade de expressão quando contraria o pensamento as classes detentoras do poder. Desconsideram os valores de inteligência nos mais diversos campos da atividade humana. Há um evidente interesse em obstruir projetos modernizantes. O ufanismo raso representado pela apropriação da camisa verde-amarela da corrupta CBF. Ao tempo em que verbalizam slogans contra a corrupção, defendem a volta da ditadura militar, num inexplicável contrassenso. Os movimentos sociais são demonizados com a imputação de serem articulados por “comunistas”.
O capital financeiro internacional, interessado em explorar nossos recursos naturais estratégicos, oferece apoio a esse processo de nacionalismo entreguista. Os pensamentos, os discursos e as atitudes têm caráter altamente reacionário, bem ao gosto do fascismo. Há um movimento político-ideológico de cooptação da classe média para se posicionar contrária aos conceitos progressistas. Estamos alcançando o grau máximo da barbárie político-cultural. Na contemporaneidade o Brasil tem sido território fértil para a afirmação do auto-engano, aceitando o negacionismo na elaboração de vontades coletivas neo-fascistas.
A avalanche de fakenews nas redes sociais alimentando a onda conservadora e retrógada que fortalece a feroz e irracional cultura política da extrema direita. A segregação sócio-espacial é cada vez maior. O perfil ultra-conservador da burguesia brasileira trabalha para a intensificação das nossas desigualdades econômicas, políticas e sociais. O sociólogo Florestan Fernandes afirma que “a manifestação do fascismo persiste através de traços e tendências mais ou menos abertas ou dissimuladas, especialmente em países capitalistas dependentes, onde o autoritarismo é largamente intensificado e reciclado”.
É preciso combater as teses anti-civilizatórias do fascismo em ascensão, construindo a necessária resistência às ameaças que vêm do populismo da extrema direita. Ergamos as bandeiras dos direitos humanos e trabalhistas, da igualdade racial, da liberdade artística, religiosa, da educação crítica, da democratização da comunicação, etc. Formar uma frente suprapartidária incorporando setores descontentes com a situação, num movimento de convergência em defesa da democracia.
Rui Leitão