A Cadeira Número 28 da APL
Na próxima sexta-feira, dia 08, será realizada a eleição que confirmará o novo ocupante da cadeira de número 28 da Academia Paraibana de Letras, vaga com o falecimento do Monsenhor Marcos Trindade. Estarei concorrendo com o escritor e poeta, Clemente Rosas. A disputa acontece num clima de civilidade e cordialidade, como se exige de quem se propõe ingressar numa entidade cultural da importância da APL. Os acadêmicos farão a escolha analisando a obra literária de cada um dos postulantes.
Reconhecendo os méritos do Dr. Clemente Rosas, decidi me submeter igualmente à consideração dos acadêmicos o meu histórico como escritor, consciente da responsabilidade que assumo ao me propor suceder personalidades notáveis da cultura paraibana que ocuparam a cadeira 28, aliada ao desejo de contribuir com a tradição cultural, linguística e literária de nosso estado, passando a integrar uma instituição de excepcional importância para os que se dedicam ao ofício das letras.
O pluralismo intelectual que se afirma na composição do quadro de integrantes da Academia Paraibana de Letras enriquece o convívio acadêmico, agregando conhecimentos nas suas mais diversas manifestações culturais, cientificas, literárias, artísticas e jurídicas. Marcar presença na entidade cultural por onde já passaram as mais proeminentes figuras do ambiente acadêmico, artístico, intelectual e político da Paraíba, tendo, inclusive, a oportunidade de conviver com as mais expressivas personalidades contemporâneas do nosso mundo cultural, desperta em mim um sentimento de honra e de dignidade.
A cadeira de número 28, que tem como patrono o Padre Lindolpho José Correa das Neves, que se destacou como jornalista, orador sacro, político, escritor e líder do Partido Liberal, no Império, se engrandeceu ao ser ocupada por escritores como Apolônio Carneiro da Cunha Nóbrega, o Professor Milton Ferreira de Paiva e o Monsenhor Marcos Augusto Trindade, a quem tive a felicidade de ter sido seu aluno no Seminário Arquidiocesano da Paraíba, quando pude testemunhar a sua ação evangelizadora, educativa e intelectual, que o credenciou a se tornar um dos imortais da Casa de Coriolano de Medeiros, sendo, portanto, motivo de especial honraria sucedê-lo. São todos merecedores das mais justas homenagens pela contribuição oferecida à cultura de nossa terra. É meu desejo, modestamente, levar adiante o magnífico trabalho de todos eles.
Coloco, então, a minha postulação, reafirmando a disposição em continuar militando na arte de escrever, para o qual fui estimulado pela obra literária do meu pai, Deusdedit Leitão, que, àquela instituição, ofereceu a sua contribuição intelectual. Alcançar a Academia não decorre de intenção ou desejo, mas à afirmação da colheita de anos dedicados ao exercício de escrever, na silenciosa e sempre difícil tarefa de organizar os textos produzidos, de forma a que sirvam de reflexão para os que os leem.
Rui Leitão