REFLEXÕES ALEATÓRIAS

A Argentina e sua “escolha difícil”

No último domingo a américa latina parou pra prestar atenção nas eleições argentina, primeiro turno. As pesquisas apontavam a vitória de mais um “outsider”. Uma parcela da população – 36%, segundo as pesquisas – queria “renovação” e posturas drásticas pra reverter a crise econômica. E aqui, invoco Carl Marx, “a história se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa”. E a partir disso vamos compreender esse momento “peculiar” do século XXl.

Não vou cansa-los rememorando a ascensão do fascismo de Mussolini (1925) na Itália e nem do nazismo de Hitler (1933) na Alemanha, eventos que na fala de Marx representam tragédias, que deveriam ter ficado nos livros de história e como algo que nunca mais deveria se repetir. Mas, não é o que vemos desde 2001. Uma onda neofascista se alastrou na Europa. A mídia mundial minimizou como “liberdade de expressão” e, somado a isto, as redes sociais e aplicativos de conversas foram decisivos na disseminação das fakes news. Método que confirmou a segunda parte da fala de Marx, “a história se repete como farsa!”

Dei a volta ao mundo e fiz uma viagem no “túnel do tempo” pra falar do “outsider” argentino, Javier Milei. Claro tenho que falar dos seus “similares” ao mesmo tempo, afinal é uma cabeca da “hidra neo fascista”. Me permitam ficar apenas nas Américas. Esta é a “deixa” pra perguntar, que há em comum entre Trump, Bolsonaro e Milei? A resposta é simples, o método! Mentiras em série, histrionismo, beligerância, negacionismo, racismo, preconceitos, fundamentalismo e muito ódio. O combo “deus, patria e familia”.

Não esqueçam as circunstâncias pré eleitorais dos respectivos países que “pariram” esses “fenômenos”. Nos EUA, insatisfação com Barack Obama. No Brasil, um golpe parlamentar, midiático e jurídico abriu a “porteira” pra extrema direita. Na Argentina, uma sucessão de desastres econômicos, misturando esquerda e direita, dolarizando como a “salvação da lavoura”. Deu muito ruim!

Trump, Bolsonaro e Milei são “farinha do mesmo saco”. Isto é fato! Todos defendem as mesmas loucuras anti civilizatórias. Os três apostaram no ódio adormecido de uma parcela da sociedade fundamentalista, ignorante ou mal intencionada. Esta última, em busca de lucrar com a farsa, A “ideologia” que comungam é a mesma, o neo fascismo. A corrupção é outra faceta dessa “gente de bem cristã” que anda de mãos dadas com o autoritarismo. Nesse ponto, um é a cara “escarrada e cuspida” do outro.

O mal que dizem combater, o comunismo preferencialmente, mistura pautas de costumes com “terraplanismos” econômicos e a criminalização da política. Os três são extremistas delirantes e perigosos. Se você pesquisar Javier Milei, encontrará Donald Trump e Jair Bolsonaro. Mas encontrará também o poder econômico, a midia tradicional, o fundamentalismo religioso e a propagação armamentista.

Mesmo com esses “suportes”, Trump não se reelegeu. Bolsonaro não se reelegeu. E Milei, de favorito no primeiro turno com 7 pontos percentuais de vantagem, ficou 7 pontos atrás do candidato peronista Sérgio Massa. Mas a pergunta de um milhão é; como 30% da população de qualquer um desses países foi capaz de apoiar a farsa e seus farsantes? Negando a história e os genocídios praticados pelos “ídolos” dos três? A resposta é: identificação.

Estes 30% nos EUA, no Brasil e na Argentina tentaram legitimar a barbárie, mas a civilidade prevaleceu. Os EUA barraram Trump. Os brasileiros barraram Bolsonaro. O povo argentino reagiu contrariando as pesquisas e a mídia que davam como certa a eleição de Javier Milei no primeiro turno. O fator povo, incluindo eleitores de Patrícia Bullrich, fez e fará a diferença no segundo turno dia 19 de novembro.

A maioria do povo argentino compreende o risco do “anarcocapitalista” tresloucado assumir o governo. Os exemplos brasileiro e estadunidense recentes serviram de alerta para o resultado trágico desse messianismo lunático. Milei é uma extensão do horror trumpista e bolsonarista. Milei mirou longe, como armamentista, mas ate aqui, o tiro saiu pela culatra. Por enquanto, tá Massa!

Por Ulisses Barbosa

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