Cantora Cida Alves é constrangida e expulsa do palco por gerente de bar de João Pessoa
A cantora paraibana Cida Alves foi vítima de uma situação vexatória durante uma apresentação artística em um estabelecimento que a contratou para tocar neste fim de semana, em João Pessoa. Em um relato compartilhado em suas redes sociais, a compositora afirmou que ela e o músico Leandro Silva foram contratados para um show de duas horas, porém, após apenas 30 minutos, o gerente do bar, Nielson, interrompeu a apresentação, alegando que o estilo musical não era adequado para o local.
“Eu tenho um repertório de música sertaneja que dava para adequar, músicas de Marilia Mendonça por exemplo e outras coisas. Mas, o gerente foi logo desligando o som e colocando um som eletrônico. Fui caminhando pelo público, o bar estava lotado. As pessoas ficaram olhando, sem entender nada e no dia seguinte, foi feito o pagamento integral do cachê”, conta.
Sentindo-se humilhada e constrangida, Cida descreveu o momento como um ato de assédio moral e desprezo pelo trabalho artístico.
“Meu microfone foi desligado e por isso não pude esclarecer para o público que eu estava sofrendo uma violência. Não existe explicação para isso: a música não estava ruim, estava com um repertório super popular. Só cantei música linda, mas a questão não foi musical, foi assédio moral mesmo, desprezo pelo trabalho das pessoas”, concluiu.
Confira a nota de repúdio da artista
Eu, Cida Alves, cantora e compositora de João Pessoa, venho por meio desta nota expor o meu total repúdio à forma desrespeitosa e violenta como eu e o músico Leandro Silva fomos tratados no Bar Boteco Gaiato, neste último sábado (18), no Bairro dos Estados.
Fomos contratados para realizar uma apresentação de duas horas, com um cachê previamente combinado e, após 30 minutos de apresentação, o gerente do Bar, de nome Nielson, subiu ao palco, posicionou a mão no microfone me impedindo de continuar o show, e me comunicou que gostaria que eu descesse do palco porque, segundo ele, a música que eu estava tocando não era o estilo do bar e, ainda segundo ele, o público presente não estava gostando.
Porém, não foi isso que aparentou porque as pessoas estavam cantando e aplaudindo todas as canções que eu executava com Leandro. Ele desligou todo o equipamento e colocou um som eletrônico. Imediatamente, eu me levantei do banquinho, me sentindo absurdamente humilhada, e fui guardar o meu violão no case, e Leandro também assim o fez.
Saí cabisbaixa, extremamente constrangida, o público do Bar todo olhando para nós, sem entender nada. Até agora, ainda estou me perguntando por que este senhor tomou essa atitude contra mim. Lembrando que não era uma relação exclusivamente artística, mas também uma relação trabalhista; tínhamos um contrato feito de boca, mas que, mesmo assim, deveria ter sido respeitado.
Como artista e mulher, me senti ferida e violentada naquele gesto. Meu total repúdio à indivíduos que, por ter algum tipo de poder, sentem-se no direito de assediar, agredir, invadir, violentar, expulsar, diminuir ou destratar o trabalho de outras pessoas, seja ele técnico, artístico, científico ou de qualquer outra modalidade ou natureza.
Enquanto mulher, jornalista, ativista, mãe e artista me senti individualmente ferida e atacada porque, além de tudo, o agente causador desta dor foi um homem. Me pego a imaginar como uma pessoa que invade um palco de uma artista mulher trata os outros funcionários, qual é o tipo de respeito recorrente nas suas relações no trabalho.
Me ocorreu a dúvida se esta seria, realmente, a primeira vez que este senhor age desta forma com músicos ou outros trabalhadores do Bar. Reitero o meu repúdio e o meu protesto contra a postura e a condução da direção do Bar Boteco Gaiato.
Obs.: O cachê foi pago integralmente no dia seguinte.
DiarioPB com WScom