Racista chega na voadora em homem negro, mas vítima é da seleção brasileira de taekwondo; Vídeo
Agressor se revoltou pois o atleta estava abraçado a uma mulher branca; Caso ocorreu na estação de trem de São Caetano, na Grande São Paulo
Revista Fórum = Viraliza na noite desta quarta-feira (15) nas redes sociais um vídeo do momento em que Matheus Cerqueira Santana, de 20 anos, é cercado por usuários da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) na Estação São Caetano, na Grande São Paulo, após cometer uma agressão racista a um homem negro. Ele foi intimidado pelos transeuntes antes de ser preso em flagrante pelo episódio de racismo.
A vítima é Gabriel Campolina Santos, de 23 anos. Conhecido como ‘Mussun’, ele é atleta da seleção brasileira de taekwondo. Mas mesmo com seus conhecimentos em artes marciais, acabou pego de surpresa pelo agressor racista que surgiu dando-lhe uma voadora.
Ao Uol, o Mussun deu maiores detalhes do episódio. Contou que estava com uma amiga e ambos “olhavam para o nada” quando sentiu o impacto da voadora de Santana. De primeira, achou que alguém teria simplesmente tombado e caído em cima de si.
No entanto, quando olhou para trás a fim de ver o que realmente tinha acontecido, foi agredido e teve os cabelos puxados pelo agressor. Nesse momento o atleta reagiu e o agressor tentou fugir ao perceber que o oponente sabia brigar.
“Ele virou pra mim e falou que eu estava me fazendo de vítima. E disse assim: ‘Você é preto e estava abraçado com uma pessoa branca’”, contou o lutador.
Na reação ele acertou uma joelhada no agressor e usuários dos trens que presenciaram as ofensas racistas cercaram o homem e impediram que fugisse até a chegada das autoridades. A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou que o agressor foi preso em flagrante após ser contido pelos presentes e que deve responder por injúria racial e lesão corporal.
“O homem foi levado à Delegacia de São Caetano do Sul por guardas municipais e, após passar por atendimento médico na UPA da cidade, as vítimas também compareceram ao local. Foram solicitados exames ao IML”, diz nota da SSP enviada à imprensa.
Mais tarde, nas redes sociais, Mussun tranquilizou os amigos, familiares e fãs.
“Estou bem, não sofri nenhuma lesão. Apenas me defendi dos golpes que esse indivíduo tentou me acertar. Estava com uma companheira de treino esperando companheiros de treino no trem. Nunca vi isso na minha vida. Só gostaria de agradecer pelas mensagens e que Deus abençoe vocês”, escreveu.
Em nota, a Confederação Brasileira de Taekwondo repudiou as agressões e declarou apoio ao atleta.
“Expressamos nossa solidariedade ao atleta Gabriel Campolina dos Santos e reiteramos nosso compromisso em combater ativamente o racismo e todas as formas de discriminação. É dever de todos nós lutar por uma sociedade mais justa e inclusiva, onde todos possam viver livremente, sem medo de serem alvo de ódio e intolerância”, diz um trecho da nota.
Veja o vídeo
Leia na íntegra a nota da Confederação Brasileira de Taekwondo
“Nota de Repúdio contra Ofensa Racista Sofrida pelo atleta Gabriel Campolina dos Santos:
Nós, Confederação Brasileira de Taekwondo, vimos por meio desta expressar nosso veemente repúdio e indignação diante da ofensa racista dirigida ao atleta Gabriel Campolina dos Santos. É inadmissível que em pleno século XXI, em uma sociedade que preza pela igualdade e respeito mútuo, ainda nos deparemos com atos tão repugnantes de discriminação racial.
A discriminação racial não só fere a dignidade humana, mas também vai contra os valores de justiça e igualdade que buscamos promover em nossa comunidade. Repudiamos veementemente qualquer forma de preconceito, seja ele racial, étnico, religioso ou de qualquer outra natureza.
Expressamos nossa solidariedade ao atleta Gabriel Campolina dos Santos e reiteramos nosso compromisso em combater ativamente o racismo e todas as formas de discriminação. É dever de todos nós lutar por uma sociedade mais justa e inclusiva, onde todos possam viver livremente, sem medo de serem alvo de ódio e intolerância.
Devemos agir firmemente para garantir que casos como este não se repitam, e que os culpados sejam responsabilizados conforme a lei.
Encorajamos também a reflexão e o diálogo dentro de nossa comunidade, promovendo o respeito à diversidade e o entendimento mútuo como ferramentas essenciais na construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
Reiteramos nosso apoio a Gabriel Campolina dos Santos e a todas as vítimas de discriminação racial, e nos comprometemos a continuar lutando por um mundo onde o respeito e a dignidade de cada indivíduo sejam verdadeiramente valorizados.
Lembramos que o Comitê Olímpico Brasileiro disponibiliza cursos de combate ao racismo. Maiores informações em www.cob.org.br. Estamos com você. Gabriel Campolina”.