Mauro Cid tentou vender por R$ 300 mil Rolex ‘dado de presente durante viagem oficial’, revelam e-mails
Em outubro de 2019, Jair Bolsonaro recebeu um conjunto de joias luxuosas, incluindo um Rolex, um anel, uma caneta e um rosário islâmico
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro está analisando uma troca de e-mails do tenente-coronel Mauro Cid, antigo ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), referente a uma negociação envolvendo um relógio da marca Rolex. Em 6 de junho de 2022, Cid recebeu um e-mail em inglês de uma interlocutora. Ela expressou: “obrigada pelo interesse em vender seu Rolex. Tentei entrar em contato por telefone, mas não obtive sucesso.” Em seguida, questionou: “Qual é o valor que você espera receber por ele? O mercado de relógios Rolex usados está em declínio, especialmente para modelos cravejados com platina e diamante, devido ao alto valor. Quero ter certeza que estamos na mesma linha antes de fazermos tanta pesquisa”.
Em resposta, Mauro Cid informou que não possuía o certificado do Rolex, uma vez que “foi um presente recebido durante uma viagem oficial”, e ele tinha a intenção de vender o relógio por US$ 60 mil (cerca de R$ 300 mil, conforme a cotação atual). Entretanto, os e-mails não detalhavam as circunstâncias da aquisição do relógio, informa o jornal O Globo.
Durante uma visita à Arábia Saudita em outubro de 2019, Jair Bolsonaro recebeu um conjunto de joias, incluindo um Rolex, um anel, uma caneta e um rosário islâmico, do rei Salman bin Abdulaziz Al Saud. Recentemente, a defesa de Bolsonaro devolveu os itens de luxo após uma investigação da Polícia Federal relacionada a outro conjunto de joias sauditas, no valor de R$ 5 milhões, retido pela Receita Federal no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP).
No passado, Mauro Cid, atuando como ajudante de ordens, tentou recuperar o conjunto de joias retido pela Receita Federal, antes de Bolsonaro deixar o cargo presidencial e partir para os Estados Unidos.
A defesa de Cid alega não ter acesso aos e-mails que estão em posse da CPMI do dia 8 de janeiro.
Mauro Cid está preso desde maio e enfrenta investigações por parte da Polícia Federal relacionadas a um possível esquema de fraudes no cartão de vacinação, bem como por manter conversas com teor golpista. Além disso, a CPMI também está examinando transações financeiras realizadas por Cid. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) indicou que o militar movimentou R$ 3,2 milhões em um período de seis meses, uma operação considerada incompatível com seu patrimônio, uma vez que ele recebe um salário mensal de R$ 26 mil como oficial do Exército.
DiarioPB com Brasil 247