Comentarista da CNN Portugal é agredido por bolsonaristas no QG do Exército em Brasília
Nelson Garre ficou com um ferimento no braço após o ataque e teve que sair escoltado pelo Exército
Garrone trabalha para a CNN e para emissora portuguesa TVI, que no país fazem parte do mesmo grupo. De acordo com ele, o foco do seu trabalho é acompanhar a ida do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Souza, à posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como novo presidente do Brasil.”Eu fui em uma missão de mostrar o que está acontecendo. Depois da live do presidente Bolsonaro, fui lá, cheguei, estava com um microfone da TVI e a única que pergunta que eu fiz foi: “O que está acontecendo? Pode me explicar o que está acontecendo?”. Só fiz essa pergunta e comecei a conversar com uma senhora e já não deu para ouvir a resposta dela. Começaram a gritar: ‘fora, fora, fora’, foi aquela: a imprensa manipula, comunista e tal”, declarou o Garrone ao Estadão.”Me deram uma voadora (uma espécie de chute), caí no chão, deram uma voadora no cinegrafista, que caiu no chão. O importante dessa história é que o pessoal do Exército estava lá e acolheu, protegeu a gente, a gente entrou em um carro e saiu escoltado. Rasgaram dois pneus e a gente teve que sair com dois pneus furados até conseguir trocar. O Exército agiu muito institucionalmente, protegeram a gente, rolou gás de pimenta”, afirmou.
Decepcionados, dezenas de apoiadores pediram, nos comentários da live, a aplicação do artigo 142 da Constituição. O dispositivo tem sido citado desde as eleições como uma suposta forma de manutenção do poder de Jair Bolsonaro. Em uma interpretação deturpada da Constituição, bolsonaristas creem que o trecho permite intervenção das Forças Armadas sobre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.”Eu tive esse cuidado de fazer só uma pergunta: ‘o que está acontecendo?’. Uma pergunta que é bem ampla, sem qualquer viés, sem adjetivar, nada. Tentei conversar. Eu nem dei destaque. Acabei de fazer um ao vivo, contei essa história no ar, mas são aquelas pessoas, não é uma questão gigante, pelo menos para mim. Não é a dimensão”, explicou o comentarista.
Estadão Conteúdo