MÚSICA

Projeto Gafieira celebra 90 anos de Zé Katimba com participações de Mirandinha, Zé Inácio, Coco de Oxum e mestras Ana do Coco e Vó Mera

A Fundação Espaço Cultural da Paraíba (Funesc) realiza, nesta sexta-feira (11), a Gafieira especial 90 anos de Zé Katimba. A abertura será com o Coco de Oxum e mestras da cultura popular Ana do Coco e Vó Mera. Além do homenageado, o evento traz shows de Mirandinha e Zé Inácio. A entrada é gratuita e o evento ocupa a pracinha do estacionamento do Espaço Cultural José Lins do Rego, a partir das 19h, contando, ainda, com a participação de professores e alunos da Iandê – Escola de Artes e Centro Cultural.

Comum nos subúrbios cariocas, a Gafieira é associada aos bailes populares, tendo o samba, o arrasta-pé e a boemia como raízes. Nessa energia, dançarinos e dançarinas de dança de salão estarão junto ao público, interagindo e convidando a dançar, além de dar oportunidade a quem sempre quis aprender dança de salão, mas acha difícil e tem vergonha de arriscar uns passos.

Um ponto de destaque do projeto é o incentivo para que a população possa conhecer o Espaço Cultural, além de ocupar a área externa, oferecendo uma atração ao público que frequenta o local nos finais de semana. As edições revezam personalidades do samba ou forró, além de escolas de dança convidadas para promover interação entre dançarinos profissionais e o público.

Zé Katimba – Filho único de Josefa e João, ele nasceu na cidade de Guarabira, no Brejo da Paraíba. A infância foi marcada pelas dificuldades financeiras. Chegou ao Rio de Janeiro de navio, saído de Cabedelo. Ele, o pai e a mãe viajaram como clandestinos – o pequeno dormia na cozinha da embarcação.

A primeira lembrança que tem do samba é do tempo no Morro do Adeus, em Bonsucesso, quando tinha 10 anos de idade. Carregava lata d’água na cabeça. Na ida até a fonte, junto com outros meninos, se divertia batucando na lata. Ali na Zona da Leopoldina, em 1959, foi um dos fundadores do Grêmio Recreativo Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense. No início, era puxador de corda. Passou a ser compositor que mais ganhou sambas de enredo na escola, até hoje.

Aos 17 anos, fez uma música em homenagem ao velho João Inácio – cordelista, peão de obra e seu pai: “Conviveu com madrugada/como qualquer um de nós/Hoje, está desafinada/sem ninguém, abandonada/sem ilusões, sem amores/A viola, que foi bonita, que o braço só era fita, como qualquer um de nós”. Pura poesia, pura emoção.

Na época da ditadura militar, seu talento, junto com Martinho da Vila – seu principal parceiro -, prestou grande contribuição à música de protesto contra as restrições democráticas. E aí escreveu: “Vamos levantar a bandeira da fé/vamos nos unir que dá jeito/e mostrar que nós temos direito/ pelo menos, à composição/para lutar pelos nossos direitos/temos que organizar um mutirão”. A música ficou censurada por uns 10 anos, até que Luiz Carlos da Vila gravou.

Carreira – Com mais de 800 composições gravadas, figuram como seus parceiros, Martinho da Vila seu parceiro mais constante há mais de 40 anos, João Nogueira, João Donato, Jorge Aragão, Alceu Maia, Roque Ferreira, Preto Jóia, Toninho Geraes, Paulinho Rezende, Carlos Colla, Agepê e muitos outros.

Entre os maiores sucessos estão Martin Cererê (Zé Katimba e Gibi), O teu cabelo não nega – Só dá Lala (Zé Katimba/Gibi/Serjão), Do jeito que o rei mandou (Zé Katimba e João Nogueira), Tá delícia, tá gostoso (ZéKatimba/Alceu Maia), Minha e tua (Zé Katimba/Martinho da Vila/Alceu Maia), Recriando a criação (Zé Katimba/Martinho da Vila), Me faz um dengo (Zé Katimba/Martinho da Vila), Me beija, me beija (Zé Katimba/Martinho da Vila), Danadinho, danado (Zé Katimba/Martinho da Vila), Me ama mô (Zé Katimba/Martinho da Vila), Café com leite (Zé Katimba/Martinho da Vila), Jaguatirica (Zé Katimba/Martinho da Vila), Me curei (Zé Katimba e Martinho da Vila) e Festa pros olhos (Zé Katimba/Martinho da Vila).

As músicas de Katimba ganharam voz com: Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Emílio Santiago, Elimar Santos, Demônios da Garoa, João Nogueira, Agepê, Simone, Julio Iglesias, Alcione, Leci Brandão, Elza Soares, Jorge Aragão, além lógico, dele próprio.

Na década de 70, virou personagem da novela Bandeira Dois, escrita por Dias Gomes para a Rede Globo, num Katimba interpretado por ninguém menos que Grande Otelo. Seu samba Martin Cererê, tema da trama, gravado pela Som Livre, vendeu 700 mil cópias. Katimba continua em plena atividade poética.

Em 2007, em música ainda inédita, ele filosofa “O que marca ponto é o momento do encanto/do encontro marcado/exorcizar os demônios/juntar os hormônios/na mão que afaga”. Em 2008, retornou à Imperatriz Leopoldinense, da qual havia se afastado há alguns anos.

Mirandinha –  Luiz Antonio de Lima, conhecido como Mirandinha Sambista, nasceu em Flora Rica-SP. Iniciou seus primeiros acordes musicais com o violão, cavaquinho, banjo e como cantor amador aos 14 anos de idade, por conviver com grandes músicos de sua cidade, logo passou a fazer parte como músico em vários eventos na região.

Tendo como atividade profissional a carreira de bancário, morou em algumas cidades do interior de São Paulo, sendo a última em Bauru-SP. Tinha uma grande vontade de conhecer o Nordeste, por seus pais, João e Maria serem nordestinos. Foi quando pediu transferência para João Pessoa- PB no ano de 1989.

Aos finais de semana, caminhava pela orla paraibana a procura de um samba, e somente após dois anos que conheceu alguns sambistas que se reuniam apenas nos fundos de quintais. Logo em seguida, Mirandinha tornou-se proprietário de uma barraca localizada na praia de Tambaú, área nobre da cidade, dando o nome de Barraca do Pagode, e desta forma, Mirandinha junto com alguns amigos foram os precursores do samba no litoral desta capital.

Hoje com seu banjo, o cantor e compositor Mirandinha é acompanhado por grandes músicos desta terra onde conquistou tanto o público da Paraíba, como também de outros estados. Participou de grandes eventos, shows entre outros, abrindo Show de Jorge Aragão, Alcione, Mart’nália, Sambô, Martinho da Vila, Grupo Revelação, Zeca Pagodinho, além de parcerias como compositor com Zé Katimba, Tuninho Professor, Paulinho Mocidade, Zé Inácio Jr, Jorge Goulart, Lucy Alves e dividindo palco várias vezes com Zé Katimba.

Em junho de 2013, participou em São Paulo do maior festival de samba do Brasil, o São Paulo Exposamba, apresentando um samba de sua autoria “Salve o Negro Salve o Samba”, onde foi classificado como um dos “24 melhores sambas inéditos do Brasil”, samba este que tem como música de trabalho de seu novo CD que foi publicado em abril de 2017. Hoje faz parte da ala dos compositores da Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense, do Rio de Janeiro.

Zé Inácio – Carioca, 33 anos, é cantor e compositor.  Sua história na música vem de berço. Filho do consagrado sambista Zé Katimba e de Jussara Silveira (cantora internacional), ele é irmão de Inácio Rios (referência da nova geração do samba). Zé Inácio cantou profissionalmente pela primeira vez aos 16 anos, ao lado da sua mãe, e desde lá faz diversas apresentações profissionais.

Participou do DVD  ‘A voz do Samba 2’ e fez parte do projeto Encontro de Gerações onde cantou ao lado de Diogo Nogueira, Martinho da Vila e Jorge Aragão e outros grandes bambas. Hoje tem a oportunidade de ter seu pai cuidando do lançamento do seu primeiro EP com a produção de Alceu Maia.

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Redação DiárioPB

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